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sexta-feira, novembro 03, 2006

Você vai querer estatizar a Vale do Rio Doce, entenda porque:

DENTES DE FERRO SOBRE O BRASIL

Para os Estados Unidos sai mais barato o ferro que recebem do Brasil ou da Venezuela do que o ferro que extraem de seu próprio subsolo. Porém, esta não é a chave do desespero americano para apoderar-se da jazidas de ferro no exterior: a captura das minas fora de fronteiras constitui, mais do que um negócio, um imperativo de segurança nacional. O subsolo norte-americano está ficando, como vimos, exausto.

Sem ferro não se pode fazer aço e 80% da produção industrial dos Estados Unidos contém, de uma forma ou de outra, aço. Quando em 1969 se reduziram os abastecimentos do Canadá, isto se refletiu de imediato num aumento das importações de ferro da América Latina.

A serra Bolivar, na Venezuela, é tão rica que a terra que lhe arranca a US Steel Co. é descarrega da diretamente nos porões dos navios rumo aos Estados Unidos, e já exibe em seus flancos, as profundas feridas que lhe vão infligindo os bulldozers: a empresa calcula que contém cerca de oito bilhões de dólares em ferro.

Em um só ano, 1960, a US Steel e a Bethlehem Steel repartiram lucros de mais de 30% de seus capitais investidos no ferro da Venezuela, e o volume destes lucros foi igual à soma de todos os impostos pagos ao Estado venezuelano nos dez anos transcorridos desde 1950.

Como ambas as empresas vendem o ferro com destino a suas próprias usinas siderúrgicas nos Estados Unidos, não têm o menor interesse em defender os preços; ao contrário, convém que a matéria-prima seja a mais barata possível.

A cotação internacional do ferro, que caíra em linha vertical entre 1958 e 1964, estabilizou-se relativamente nos anos posteriores e permanece estancada; enquanto isto, o preço do aço não parou de subir. O aço se produz nos centros ricos do mundo. e o ferro nos subúrbios pobres; o aço paga salários de "aristocracia operária," e o ferro diárias de mera subsistência.

Graças à informação que recolheu e divulgou, lá pelo ano de 1910, o Congresso Internacional de Geologia, reunido em Estocolmo, os homens de negócios dos Estados Unidos puderam pela primeira vez avaliar as dimensões dos tesouros escondidos sob o solo de uma série de países, um dos quais, talvez o mais tentador, era o Brasil.

Muitos anos depois, em 1948, a embaixada dos Estados Unidos criou um cargo novo no Brasil, o adido mineral, que de entrada teve pelo menos tanto trabalho como o adido militar ou cultural.

Tanto, que rapidamente foram designados dois adidos minerais em vez de um 28. Pouco depois, a Bethlehem Steel recebia do governo de Outra dois esplêndidos filões de manganês do Amapá.

Em 1952, o acordo militar assinado com os Estados Unidos proibiu o Brasil de vender as matérias-primas de valor estratégico como o ferro - aos países socialistas.

Esta foi uma das causas da trágica queda do presidente Getúlio Vargas, que desobedeceu esta imposição vendendo ferro à Polônia e Tchecoslováquia, em 1953 e 1954, a preços muito mais altos do que os que pagavam os Estados Unidos.

Em 1957, a Hanna Mining Co. comprou, por USS6 milhões, a maioria das ações de uma empresa britânica, a Saint John Mining Co., que se dedicava à exploração do ouro de Minas Gerais desde os longínquos tempos do Império.

A Saint John operava no vale de Paraopeba, onde há a maior concentração de ferro do mundo inteiro, avaliada em US$200 bilhões.

A empresa inglesa não estava legalmente habilitada para explorar esta riqueza fabulosa, nem estaria a Hanna, de acordo com disposições claras constitucionais e legais que Osni Duarte Pereira enumera em sua obra sobre o tema.

Porém este foi, segundo se soube logo, o negócio do século.

George Humphrey, diretor-presidente da Hanna, era então membro proeminente do governo dos Estados Unidos, como secretário do Tesouro e como diretor do Eximbank, o banco oficial para o financiamento das operações de comércio exterior.

A Saint John tinha solicitado um empréstimo ao Eximbank: não teve sorte até que a Hanna se apoderou da empresa.

Desencadearam-se, a partir de então, as mais furiosas pressões sobre os sucessivos governos do Brasil. Os diretores, advogados ou assessores da Hanna - Lucas Lopes, José Luiz Bulhões Pedreira, Roberto Campos, Mário da Silva Pinto, Octávio Gouveia de Bulhões - eram também membros, ao nível mais alto, do governo do Brasil, e continuaram ocupando cargos de ministros, embaixadores ou diretores de serviços nos ciclos seguintes.

A Hanna não tinha escolhido mal seu estado-maior. O bombardeio se fez cada vez mais intenso, para que se reconhecesse à Hanna o direito de explorar o ferro que pertencia, a rigor, ao Estado.

No dia 21 de agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros assinou uma resolução que anulava as ilegais autorizações dadas de favor à Hanna e restituía as jazidas de ferro de Minas Gerais à reserva nacional. Quatro dias depois, os ministros militares obrigaram Jânio Quadros a renunciar:

"Forças terríveis se levantaram contra mim...", dizia o texto da renúncia.

O levante popular encabeçado por Leonel Brizola em Porto Alegre frustrou o golpe dos militares e colocou no poder o vice-presidente João Goulart.

Quando em julho de 1962 um ministro quis pôr em prática o decreto fatal contra a Hanna - que tinha sido mutilado no Diário Oficial -, o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon, enviou a Goulart um telegrama protestando com viva indignação pelo atentado que o governo ameaçava cometer contra os interesses de uma empresa norte-americana.

O Poder Judiciário ratificou a validade da resolução de Quadros, porém Goulart vacilava. Enquanto isto, o Brasil dava os primeiros passos para estabelecer um entreposto de minerais no Adriático, com o intuito de abastecer de ferro vários países europeus, socialistas e capitalistas: a venda direta de ferro implicava um desafio insuportável para as grandes empresas que manejam os preços em escala mundial.

O entreposto nunca se tornou realidade, porém outras medidas nacionalistas - como a restrição à drenagem dos lucros das empresas estrangeiras - foram colocadas em prática e proporcionaram estopins à explosiva situação política.

A espada de Dâmocles da resolução de Quadros permanecia em suspenso sobre a cabeça da Hanna. Por fim, o golpe de estado explodiu, no último dia de março de 1964, em Minas Gerais, que casualmente era o cenário das jazidas de ferro em disputa. "Para a Hanna - escreveu a revista Fortune - a revolta que derrubou Goulart na primavera passada chegou como um desses resgates de último minuto pelo Primeiro da Cavalaria" .

Homens da Hanna passaram a ocupar a vice-presidência do Brasil e três dos ministérios. No mesmo dia da insurreição militar, o Washington Star publicou um editorial profético: "Eis aqui uma situação - anunciara - na qual um bom e eficiente golpe de estado, no velho estilo, dos líderes militares conservadores bem pode servir aos melhores interesses de todas as Américas".

Goulart ainda não tinha renunciado, nem tinha abandonado o país, quando Lyndon Johnson não pode conter-se e enviou seu célebre telegrama de bons votos ao presidente do Congresso brasileiro, que assumira provisoriamente a presidência do país: "O povo norte-americano observou com ansiedade as dificuldades políticas e econômicas pelas quais atravessou' sua grande nação, e admirou a resoluta vontade da comunidade brasileira para solucionar estas dificuldades dentro de um quadro de democracia constitucional e sem luta civil".

Pouco mais de um mês tinha transcorrido, quando o embaixador Lincoln Gordon, que percorria, eufórico, os quartéis, pronunciou um discurso na Escola Superior de Guerra, afirmando que o triunfo da conspiração de Castelo Branco "poderia ser incluído junto à proposta do Plano Marshall, o bloqueio de Berlim, a derrota da agressão comunista na Coréia e a solução da crise de mudança da história mundial de meados do século XX".

Um dos membros militares da embaixada dos Estados Unidos oferecera ajuda material aos conspiradores, pouco antes da denotação do golpe, e o próprio Gordon lhes tinha sugerido que os Estados Unidos reconheceria um governo autônomo, se fosse capaz de sustentar-se dois dias em São Paulo.

Não vale a pena gastar testemunhos sobre a importância que teve, no desenvolvimento e desenlace dos acontecimentos, a ajuda econômica americana, da qual, de resto, nos ocuparemos mais adiante, ou da assistência dos Estados Unidos no plano militar ou sindical.

Depois que se cansaram de lançar na fogueira ou no fundo da Baía de Guanabara os livros de autores tais como Dostoievski, Tolstoi ou Gorki, e após terem condenado ao exílio, à prisão ou à morte uma quantidade incontável de brasileiros, o recém-instalado regime militar de Castelo Branco pôs mãos à obra: entregou o ferro e todo o resto.

A Hanna recebeu seu decreto no 24 de dezembro de 1964. Este presente de Natal não só lhe outorgava todas as seguranças para explorar em paz as jazidas de Paraopeba, mas, além disso, apoiava os planos da empresa para ampliar um porto próprio a 66 quilômetros do Rio de Janeiro, e para construir uma ferrovia destinada ao transporte de ferro. Em outubro de 1965, a Hanna formou um consórcio com a Bethlehem Steel para explorar em comum o ferro concedido.

Este tipo de alianças, freqüentes no Brasil, não podem ser formalizadas nos Estados Unidos, porque ali as leis as proíbem. O incansável Lincoln Gordon tinha posto fim à tarefa, todos já estavam felizes e o conto tinha acabado, e passou a presidir uma universidade em Baltimore. Em abril de 1966, Johnson designou seu substituto, John Tuthill, ao fim de vários meses de vacilação, e explicou que tinha demorado porque para o Brasil necessitava de um bom economista.

A US Steel não ficou atrás. Por que iam deixá-la sem convite para o jantar? Antes de que se passasse muito tempo, se associou com a empresa estatal, a Companhia Vale do Rio Doce, que em certa medida se converteu, assim, em seu pseudônimo oficial. Por esta via, a US Steel obteve, resignando-se a nada mais do que 49% das ações, a concessão das jazidas de ferro da serra dos Carajás, na Amazônia.

Sua magnitude é, segundo afirmam os técnicos, comparável à coroa de ferro da Hanna-Bethlehem em Minas Gerais. Como de costume, o governo aduziu que o Brasil não dispunha de capitais para realizar a exploração por conta própria.

Trecho extraído do livro As Veias Abertas da América Latina, do historiador uruguaio Eduardo Galeano, páginas 166 – 170, 41ª Edição, editora Paz e Terra.


A todos os brasileiros>> o trecho transcrito acima foi produzido em 1976.
Ele fala de uma parte trágica de nossa história:

O dia em que nossos avós e pais ensinaram a nos tornarmos assassinos de nós mesmos.

Sim, somos assassinos. Assassinos de sonhos, de esperanças e do futuro. Não somente do nosso, mas de milhões de seres humanos, de não muito longe de você, daqui mesmo, do Brasil.

O relato acima feito pelo historiador Eduardo Galeano transforma em suicida e genocida todo o brasileiro que hoje vota a favor da direita neste país.

A campanha da direita e que fique aqui muito claro, do PSDB, do PFL e do PPS, muito insistentemente pregou que não se pode viver do passado, que o Brasil deve olhar é para frente.

O texto acima explica como personalidades brasileiras de direita foram mortas pela própria direita, servindo aos interesses norte-americanos.

Enganam-se aqueles que entendem Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, e Jânio Quadros como políticos de esquerda. Todos eles, foram mortos fisicamente ou politicamente por “forças terríveis”. No entanto, todos eram de direita.

Até mesmo o golpista Carlos Lacerda que inicialmente apoiou a revolução mas que após perceber que se tratava de um ato desesperado de colonização do Brasil se tornou ferrenho opositor sofreu as fatais conseqüências de ser um patriota.

Havia um tempo em que você podia pensar numa escolha: Direita ou esquerda?

Hoje, a direita patriota, se é que isso um dia existiu, foi sangrentamente sepultada em abril de 1964.

Quero frisar a seqüência:

1- Getúlio Vargas, presidente de direita, foi contra a privatização do ferro brasileiro – foi morto pelos interesses norte-americanos.

2- Juscelino Kubitschek, presidente de direita, foi contra a privatização do ferro brasileiro – foi morto pelos interesses norte-americanos.

3- João Goulart, presidente de direita, foi contra a privatização do ferro brasileiro – foi morto pelos interesses norte-americanos.

4- Jânio Quadros, presidente de direita, foi contra a privatização do ferro brasileiro – teve sua morte política causada pelos interesses norte-americanos.

O único presidente civil de direita envolvido com a privatização do minério de ferro neste país chama-se Fernando Henrique Cardoso, o herói desta nova direita.

E por que?

Porque Fernando Henrique Cardoso privatizou em 1997 por risíveis 3 bilhões de dólares uma companhia mineradora que só de minério de ferro tinha jazidas avaliadas em 200 bilhões de dólares.

FHC é discípulo de Roberto Campos, defensor da política do entreguismo, controlador da Hanna do Brasil, ex-embaixador do Brasil nos EUA, ex-ministro na ditadura militar e provável articulista da morte de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Entendam a importância de se conhecer a história:

A filha de Juscelino Kubitschek apóia os partidos herdeiros daqueles que articularam a morte do seu próprio pai.

É esta a loucura desvairada que varre de estupidez os incautos.

É preciso conhecer a história para entender as correntes que regem os interesses internacionais.
Votar hoje na direita é escolher saltar de um abismo.

Mas entendam este texto não como uma condenação e sim como um urgente chamado.

Ainda dá tempo de usar a democracia. Mas não descansem e não se iludam, não faltam muitas décadas para um conflito civil muito grave caso uma radical mudança de comportamento não seja adotada hoje, por todos nós.

Saudações Brasileiras.

Comentários:
Já temos força parlamentar para aprovar a reestatização?
É possível mobilizar as organizações da sociedade civil e pressionar para aprovar? Mas o que é mais urgente no momento?
É necessário manter os setores essenciais e estratêgicos da economia sobre o controle do estado.
Analisemos pois quando é o time, corretamente.

Laert
 
André,parabéns pelo texto!Gostaria muito que todos os inconformados com a reeleição de Lula pudessem lê-lo e interpretá-lo.Vejo em grande parte do universo virtual que freqüento que apenas quem leu As veias abertas da América Latina conseguiria compreender o verdadeiro significado e a importância da democracia que você descreveu.

Infelizmente a direita que constitui à oposição deste governo hoje no Brasil age de forma completamente oposta às idéias centrais do livro.

E o que é pior:quase 40% dos brasileiros são coniventes com tais atitudes.Uma conivência existente graças à desinformação.

O que vemos hoje são pessoas acomodadas acreditando que a esquerda que tanto lutou para chegar ao poder se sujaria tão facilmente jogando pelo ralo tantos anos de luta e conquistas.

Felizmente a democracia comprovou o que a oposição direitista mais temia nas urnas.Enquanto começam a utilizar o discurso anti-nacionalista favorável à Alca e contra o fortalecimento dos laços entre os países da América do Sul,arrebanham pessoas ingênuas por opção a se manifestarem contra a reeleição de Lula.

Estamos mal acostumados.Além de ajudarmos a assassinar sonhos,também apreciamos as dentadas pontiagudas de ferro que ajudavam a fazer o Brasil sangrar.

Nunca vi antes,após o resultado de eleições presidenciais no Brasil uma manifestação em massa de derrotados revoltados com a democracia.Temos uma grande torcida para que o Brasil regrida em todos os sentidos apenas para massagear o ego da direita assustadora que ultrapassa os limites do aceitável.

Saudações socialistas!
 
Olá companheiro Laert, com certeza estamos longe de ter força parlamentar para tanto.
Se os ex-presidentes de direita que patrioticamente morreram por esta causa tivessem, não teriam morrido, mas já temos mais gente pensando estrategicamente do que haviam naquela época.
Então não existe solução ainda mas o caminho já começou.
Sim, é possível mobilizar a sociedade civil.
O meu chamado é para isso.
Há vinte anos atrás Eduardo Galeano escreveu seu livro fazendo este chamado.
O mais importante neste momento é fazer um governo tão fantástico que junte a massa numa força coesa e decidida. Que forme um exército de pensadores e de ideais.
O setor do minério é estratégico.
Se não fosse, as mineradoras norte-americanas não controlariam a vida e a morte de nossos presidentes e as nossas também.
Mais do que o setor do minério de ferro, o setor do aço é geometricamente mais estratégico e a Vale vale isso.
O "time" é para ontem, é agora.
A única forma de que exista o "time" é espalhar o vento da informação a todos que tiverem ouvidos.

Saudações socialistas.
 
André, que texto explosivo. Temos que passá-lo para a militância. Sou totalmente a favor da reetatização, mas acho que isso deve ser feito através de plebiscito para deixar bem claro que esta posição é do Brasil, não de um presidente.

Vamos mobilizar isso!

Abraços amigo
 
ah sim Douglas, acho que se houver mobilização nacional isso fortaleceria demais mesmo, seria uma verdadeira blindagem contra a mídia e contra aventureiros.
 
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