sábado, setembro 16, 2006
CARTA CAPITAL FAZ ANÁLISE DO PT NAS ELEIÇÕES (enviado por André Lux do Izquierda Unida)
PT vai eleger em outubro uma bancada maior na Câmara, mostra estudo | ||
A bancada do PSDB deve crescer 5%, puxada pela votação de Geraldo Alckmin. O PFL deve manter a atual bancada, enquanto o PP “desaparece lentamente”, assim como o PMDB, explicou Maurício Dias.
O jornalista explicou que o PT cresce ao “ocupar o espaço da esquerda trabalhista, jogando o PSDB para a direita”. Dessa maneira, o PMDB fica no centro.
Leia a íntegra da entrevista com o jornalista Maurício Dias:
Maurício Dias: A Câmara dos Deputados. É um estudo feito pelos professores Fabiano Santos e Alcir Almeida, do Núcleo de Estudos Sobre o Congresso do Iuperj. A surpresa deste estudo, que foi feito em maio mas está sendo divulgado agora, é que todas as análises sobre a votação proporcional, em função da crise do caixa dois, projetavam uma queda muito grande para a bancada do PT, que elegeu 91 deputados em 2002. Essa associação da queda, além de estar apoiada na suposição de que haveria um impacto grande da crise na eleição, tem uma relação com o fato que todo mundo casa eleição de deputados com eleição estadual. O Fabiano fez um estudo a partir dos fatores nacionais, ou seja, eleição presidencial influenciando na eleição proporcional. Ele tem uma referência muito boa que é 98, com o presidente Fernando Henrique, o PSDB cresceu muito. Em 2002 o PT cresceu muito. Ele não acredita que haja uma desvinculação – a imagem do presidente Lula está muito vinculada ao PT, por mais que tenham escondido a estrela, o vermelho. Ele (Fabiano) faz uma projeção mínima: ou a bancada vai se repetir, com 91 deputados, e pode chegar até 105.
Maurício Dias: Hoje não. Com a migração para o Psol está em 82. Acontece que ele não vê racionalidade nas análises que vêem impacto negativo na bancada do PT em função das denúncias de corrupção e impacto positivo na do PMDB. Ele não vê por que em função de ética você sai do PT e corre para o PMDB, que não é necessariamente um partido ético – não digo que seja antiético – mas não tem como identidade a bandeira da moralidade e da ética.
Maurício Dias: Nem para o PSDB. O PSDB vai crescer 5% em função da votação do Alckmin, ele projeta uma votação de 30%. Essa análise é feita em cima da suposição de que o Lula ganha no primeiro turno. Resta também outra suposição – que a corrupção não faz diferenciação entre os partidos na mente do eleitor.
Maurício Dias: Pois é. Além de tudo o seguinte - isso não é da pesquisa, é uma dedução que eu faço – que na verdade inflaram uma crise que tem mais de moralismo do que ética. Está mais para Lacerda e FHC que para Platão e São Tomás. O resumo bom seria esse. Além de tudo, o PMDB vem caindo sistematicamente. Ele mostra também uma estabilização na votação da Câmara de cinco grandes partidos: o PT, o PMDB, o PSDB, o PFL e o PP. Desses todos o PFL tem mantido, PMDB tem mantido, PT tem crescido, o PSDB vai crescer nesta eleição e o PP está desaparecendo lentamente. Esses são os chamados partidos fortes, que têm no mínimo 10% da bancada da Câmara.
Paulo Henrique Amorim: E desses quem está em crise?
Maurício Dias: Quem está em crise brava é o PMDB porque, no entender dele, ocupou um espaço de esquerda trabalhista. Isso jogou o PSDB para a direita. É o partido hoje que tem mais confiança do eleitor conservador. Ele acha inclusive que entendeu mais essa posição do PSDB no espectro político foi o ex-presidente Fernando Henrique. Qual é o problema do PMDB? Porque a esquerda, ocupada pelo PT, a direita, pelo PSDB, e o PMDB ficou no centro. A lógica da política partidária no Brasil, eleitoral, é centrípeta, é dos extremos para o centro. E o PMDB não tem nada o que fazer, não sabe o que ocupar, então, fica nesse centro sendo namorado pela direita e pela esquerda.
Paulo Henrique Amorim: E o PFL? Qual é o destino do PFL?