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quarta-feira, agosto 09, 2006

A soberania de Cuba deve ser respeitada

"Desde que foi comunicado o estado de saúde de Fidel Castro e a delegação provisória de seus cargos, altos funcionários norte-americanos têm formulado declarações cada vez mais explícitas acerca do futuro imediato de Cuba. O secretário de Comércio Carlos Gutiérrez opinou que ''chegou o momento de uma verdadeira transição até uma verdadeira democracia'' e o porta-voz da Casa Branca Tony Snow disse que seu governo está ''pronto e ansioso para outorgar assistência humanitária, econômica e de outra natureza ao povo de Cuba'', o que acaba de ser reiterado pelo presidente Bush".

"Já a ''Comissão por uma Cuba Livre'', presidida pela secretária de Estado Condoleezza Rice, havia destacado um informe em meados de junho ''a urgência de trabalhar hoje para garantir que a estratégia de sucessão do regime de Castro não tenha êxito'' e o presidente Bush sinalizou que este documento ''demonstra que estamos trabalhando ativamente por uma mudança de Cuba, não simplesmente esperando que isso ocorra''. O Departamento de Estado destacou que o plano inclui medidas que permanecerão secretas ''por razões de segurança nacional'' e para assegurar sua ''efetiva realização''.

"Não é difícil imaginar o caráter de tais medidas e da ''assistência'' anunciada se tem-se conta da militarização da política exterior da atual administração estadunidense e sua atuação no Iraque. Ante essa ameaça crescente contra a integridade de uma nação, a paz e a segurança na América Latina e no mundo, os abaixo-assinados exigimos que o governo dos Estados Unidos respeite a soberania de Cuba. Devemos impedir a todo custo uma nova agressão".

Checo Deutsch Svensk


http://www.porcuba.org/index.php?lang=4

Mais de 400 personalidades de todo o mundo, assinaram um manifesto divulgado nesta segunda-feira (7) no qual exigem que os Estados Unidos respeitem a soberania de Cuba.O texto também condena as crescentes ameaças contra a integridade territorial da ilha. O documento, intitulado ''A soberania de Cuba deve ser respeitada'',critica a postura de Washington diante do problema de saúde do presidente Fidel Castro.Para se aderir: http://www.porcuba.org/

Comentários:
Oi Dê!!!!

Muito bom você ter inaugurado o espaço para podermos falar a respeito de Cuba!

Tenho farto material para acrescentar nesta questão, mas não em casa, no trabalho.

Amanhã mesmo iniciarei as postagens na forma de comentários.

Material do blog do Emir Sader, da ADITAL, textos do Izquierda Unida, muita coisa mesmo.

Saudações socialistas e um grande beijo pra você.
 
Fonte: site www.vermelho.org.br

Personalidades mundiais exigem respeito à soberania de Cuba


Mais de 400 personalidades de todo o mundo, entre eles oito prêmios Nobel, assinaram um manifesto divulgado à imprensa nesta segunda-feira (7/8) no qual exigem que os Estados Unidos respeitem a soberania de Cuba. O texto condena também as crescentes ameaças contra a integridade territorial da ilha.

Entre as personalidades estão os brasileiros Chico Buarque, Frei Betto e Oscar Niemayer, além de nomes como Eduardo Galeano, José Saramago, Ignacio Ramonet, Miguel Bonasso, Rigoberta Menchú, Desmond Tutu, Mario Benedetti e Noam Chomsky.

O documento, intitulado ''A soberania de Cuba deve ser respeitada'', critica com firmeza a postura de Washington diante do problema de saúde do presidente Fidel Castro, afastado há uma semana do poder para se recuperar de uma cirurgia abdominal.

''Devemos impedir a todo custo uma nova agressão'', defende o documento, levando em conta a crescente militarização da política externa norte-americana. Ao final, há o endereço de uma página na internet criada especialmente para propagar o manifesto e conquistar mais adesões.

Confira abaixo a íntegra do manifesto:

A soberania de Cuba deve ser respeitada

Desde que foi comunicado o estado de saúde de Fidel Castro e a delegação provisória de seus cargos, altos funcionários norte-americanos têm formulado declarações cada vez mais explícitas acerca do futuro imediato de Cuba. O secretário de Comércio Carlos Gutiérrez opinou que ''chegou o momento de uma verdadeira transição até uma verdadeira democracia'' e o porta-voz da Casa Branca Tony Snow disse que seu governo está ''pronto e ansioso para outorgar assistência humanitária, econômica e de outra natureza ao povo de Cuba'', o que acaba de ser reiterado pelo presidente Bush.

Já a ''Comissão por uma Cuba Livre'', presidida pela secretária de Estado Condoleezza Rice, havia destacado um informe em meados de junho ''a urgência de trabalhar hoje para garantir que a estratégia de sucessão do regime de Castro não tenha êxito'' e o presidente Bush sinalizou que este documento ''demonstra que estamos trabalhando ativamente por uma mudança de Cuba, não simplesmente esperando que isso ocorra''. O Departamento de Estado destacou que o plano inclui medidas que permanecerão secretas ''por razões de segurança nacional'' e para assegurar sua ''efetiva realização''.

Não é difícil imaginar o caráter de tais medidas e da ''assistência'' anunciada se tem-se conta da militarização da política exterior da atual administração estadunidense e sua atuação no Iraque.

Ante essa ameaça crescente contra a integridade de uma nação, a paz e a segurança na América Latina e no mundo, os abaixo-assinados exigimos que o governo dos Estados Unidos respeite a soberania de Cuba. Devemos impedir a todo custo uma nova agressão.

Para se aderir: www.porcuba.org

Da redação (www.vermelho.org.br)
 
Revista Fórum:

A “ditadura” de Fidel e a "democracia" tucano-pefelê

http://www.revistaforum.com.br/vs3/artigo_ler.aspx?artigo=0834d229-cc2f-491d-b56f-4ffd750bbba9

Nem toda a crítica que se faz ao modelo cubano é inconsistente. Há de fato coisas injustificáveis e que não podem ser explicadas apenas pelo fato de o país estar sob o bloqueio econômico estadunidense e viver sob a ameaça deste país. Em Cuba, não há liberdade de imprensa e os jornalistas não têm o direito de expressar suas opiniões com independência. Por isso, principalmente aqueles que tratam das questões locais, não são jornalistas, mas escribas de dirigentes partidários.

Poderia ser diferente. Sim, poderia. E não precisaria ser como no Brasil ou em tantos outros países onde os jornalistas também cada vez menos podem ser jornalistas e precisam ser escriturários dos coronéis modernos, os proprietários dos veículos informativos, ou seus capatazes.

Poderia haver em Cuba uma enorme revolução nesta área, com a abertura de centenas, milhares de rádios comunitárias e TVs locais, absolutamente autônomas e administradas do ponto de vista editorial por conselhos populares, por exemplo. Cuba e Fidel dariam mais um belo exemplo ao mundo, como já deram ao fazer daquele país um lugar onde o povo é saudável e educado. Onde a qualidade de vida é a melhor da América Latina. E onde há formação cultural e esportiva como em lugar nenhum no mundo. Cuba precisa avançar nesse aspecto, mas Fidel não se torna uma figura menor para a história política mundial por isso. Ele já está na história como um dos maiores líderes políticos do seu tempo. E não por aspectos negativos.

Não se pode dizer o mesmo dos dirigentes partidários do PSDB e do PFL que foram à Justiça para impedir a circulação da edição número 1 da Revista do Brasil, publicação que surge a partir da iniciativa de alguns sindicatos, entre eles os bancários de São Paulo e os metalúrgicos do ABC.

A alegação da coligação partidária é de que a revista fazia propaganda eleitoral por ter uma capa positiva ao presidente Lula. A lógica bicuda-pefelista é uma beleza. Liberdade de imprensa só vale para falar bem da gente e mal dos outros. Se for o contrário, pau. Ou melhor, censura.

Veja, publicação horrorosa, deve ser defendida no seu direito de existir. Deve ser combatida, quando informa mal. Deve ser questionada na Justiça, quando mente. Mas se um dia quiserem tirar Veja de circulação por conta de sua linha editorial, Fórum tapa o nariz, mas sai em defesa dela.

Se um empresariado tacanho como o que controla a editora Abril deve ter respeitado o seu direito de editar uma Veja, por que sindicatos e sindicalistas devem ser impedidos de ter sua revista? A resposta é simples: os princípios democráticos de alguns dirigentes que se escondem atrás das siglas PSDB e PFL é limitado aos seus interesses. É ditatorial.
Fórum deseja longa vida a Fidel que, com seus defeitos, é muito mais democrático do que a maioria dos que o atacam.
(Editorial da edição de agosto da revista Fórum. Reserve já com seu jornaleiro a partir da próxima semana)
 
Do Blog do Emir Sader:

Fidel: "os revolucionários não se aposentam"

O presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, conversou ontem (dia 1°) com o presidente Fidel Castro, depois da operação a que foi submetido. Segundo Alarcón, Fidel estava perfeitamente consciente e “expressou a confiança e a certeza de que todos nós seremos capazes de cumprir as tarefas que o momento exige e que o futuro vai exigir”. O presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular conversou com Fidel antes do anúncio de que entregava provisoriamente o poder a seu irmão Raúl, depois da operação. “Eu tive o privilégio de encontrá-lo mais ou menos a essa hora (21:15). É um homem que segue sendo e seguirá sendo o Fidel Castro de sempre. Está lutando até o último minuto, ainda que este não seja o último. Como ele mesmo disse uma vez: os revolucionários não se aposentam”.

“O apoio mais firme que se pode dar à proclamação do Comandante em Chefe ao Povo de Cuba é cumprir todas as tarefas e responsabilidades que o momento atual exigem, todos juntos, todos unidos, de maneira que, enquanto ele repouse, a Revolução continue”, disse ainda Alarcón. “Sejamos capazes de nos elevarmos para estar a altura de um jovem de 80 anos que todavia, depois de passar por uma operação delicada, e submetido a um regime de repouso, se dedica a cuidar de todos os detalhes e de tomar as medidas que sejam necessárias para assegurar que possamos continuar trabalhando nas atividades prioritárias do país e estar prontos para enfrentar uma agressão”.

“Sejamos capazes também, todos juntos, todos unidos, de mostrar algo que se pareça à dedicação, à excelência, ao emprenho que simboliza neste país o homem que é Fidel Castro, em todos os trabalhos da vida, em todas as atividades, no cumprimento de todas as responsabilidades”. O líder da Revolução, acrescentou Alarcón, está consciente de que nosso país vive uma situação muito específica. “Cuba é o único país do mundo em relação ao qual um governo estrangeiro – que é o mais poderoso do planeta e que faz a guerra cada vez que tem vontade de fazê-lo – disse que não permitirá que na ilha seja aplicada a nossa Constituição, sejam aplicados nossos estatutos e nossas leis; um governo estrangeiro que disse também que vai impedir que isso ocorra e, além disso, que o fará abertamente”.

Para Alarcón, na prática, isso significa que “se um dia Fidel não estivesse, seria a guerra. Isso é o que querem dizer as palavras que eles converteram em documentos oficiais”, disse numa referência a recentes declarações do governo Bush.

Mas Fidel vai lutar essa guerra. E está provando isso, manifestou o presidente do Parlamento cubano. “Ele se deu ao trabalho de prever, de adotar as determinações que considerou necessárias para assegurar que continue o funcionamento, não só normal da República, do país, do Governo – que isso é algo que está previsto claramente -, mas sim de todas as tarefas prioritárias da Revolução.”

Indagado sobre a repercussão internacional da proclamação de Fidel, Alarcón respondeu que “teve a repercussão que se poderia prever e que Fidel previu”. “Ele estava consciente de que ia ocorrer isso. Por um lado, constantemente, estamos recebendo mensagens de muita gente do mundo inteiro que está dolorida, triste, preocupada; de muita gente nobre”. “Por outro lado, recebemos manifestações que produziriam vômitos. Mercenários e terroristas que saíram às ruas de Miami segunda-feira à noite. Eram quatro gatos pingados, porque nessa cidade há muita mais população; quatro gatos que saíram a celebrar, a festejar a suposta morte do companheiro Fidel, como se isso significasse voltar a fazer as malas para vir para cá, como tantas vezes fizeram”.

Em relação ao imperialismo, considerou-o bastante atônito. “Não sabem como reagir, porque o que ninguém pode imaginar é a magnitude de Fidel Castro” Alarcón se referiu também a outras idéias expressadas pelo mandatário cubano. “O que diz a Proclamação é, literalmente, exatamente, a verdade. Todos somos testemunhas, todos os cubanos, do esforço extraordinário realizado pelo Comandante em Chefe, e tem sido assim durante toda a sua vida. E isso, desgraçadamente, tem seu custo, em termos de que pode chegar um momento em que o organismo se ressinta e apresente dificuldades como estas que ele enfrenta agora. Mas é um homem que está em condições de tomar as decisões pertinentes antes de seu repouso e apresentá-las na proclamação, como fez”.

Ao referir-se à decisão de delegar suas funções em caráter provisório, Alarcón assinalou que “é lógico que se aplique o que a Constituição da República e os estatutos do partido estabelecem. Estas medidas resultam necessárias pela situação em que ele se encontra, que exigirá várias semanas de repouso”. “Como é um homem que não é somente o presidente da República, mas também tem sobre seus ombros toda uma série de atividades prioritárias, deu-se o trabalho de distribuir as tarefas e responsabilidades específicas aos companheiros que a partir da última segunda as tem agora sobre seus ombros. O líder da Revolução trabalha de verdade; é um presidente que se ocupa da educação, da saúde, do programa energético, de tantas coisas”, acrescentou Alarcón, “e diante dessa situação excepcional decidiu encarregar especificamente a cada um a sua responsabilidade”.

Para o presidente do parlamento cubano, essa preocupação e ocupação do líder da Revolução não é a que caracteriza um governante burguês, e isso surpreendeu ao imperialismo e seus asseclas de Miami. “Não é o que eles imaginavam, mas é o que eles têm de esperar, porque Fidel sempre estará lutando junto aos cubanos”.

Postado por Emir Sader às 16:38

Todo o material publicado nos comentários acima é fornecido pela equipe do Izquierda Unida: www.brasileiristas.blogspot.com
 
Os 80 anos de Fidel: confidências

Em Cuba, após ser submetido a um silêncio obsequioso pelo Vaticano, mantive
longas conversas com Fidel. Ele lera muitos livros sobre a teologia da
libertação. Foi nesse contexto que confessou: "Mais e mais estou convencido
de que nenhuma revolução latino-americana será verdadeira, popular e
triunfante se não incorporar o elemento religioso".



Leonardo Boff é teólogo e escritor.



O que vou publicar aqui vai irritar ou escandalizar os que não gostam de
Cuba ou de Fidel Castro. Não me importo com isso. Se não vês o brilho da
estrela na noite escura, a culpa não é da estrela mas de ti mesmo.

Em 1985, o então Cardeal Joseph Ratzinger me submeteu, por causa do livro
"Igreja: carisma e poder", a um "silêncio obsequioso". Acolhi a sentença,
deixando de dar aulas, de escrever e de falar publicamente. Meses após fui
surpreendido com um convite do Comandante Fidel Castro, pedindo-me passar 15
dias com ele na Ilha, durante o tempo de suas férias. Aceitei imediatamente
pois via a oportunidade de retomar diálogos críticos que, junto com Frei
Betto, havímos entabulado anteriormente e por várias vezes.

Demandei a Cuba. Apresentei-me ao Comandante. Ele imediatamente, à minha
frente, telefonou para o Núncio Apostólico com o qual mantinha relações
cordiais e disse:"Eminência, aqui está o Fray Boff; ele será meu hóspede por
15 dias; como sou disciplinado, não permitirei que fale com ninguém nem dê
entrevistas, pois assim observerá o que o Vaticano quer dele: o silêncio
obsequioso. E vou zelar por essa observância". Pois assim aconteceu.

Durante 15 dias seja de carro, seja de avião, seja de barco me mostrou toda
a Ilha. Simultaneamente durante a viagem, corria a conversa, na maior
liberdade, sobre mil assuntos de política, de religião, de ciência, de
marxismo, de revolução e também críticas sobre o deficit de democracia.

As noites eram dedicadas a um longo jantar seguido de conversas sérias que
iam madrugada a dentro, às vezes até às 6.00 da manhã. Então se levantava,
se estirava um pouco e dizia:"agora vou nadar uns 40 minutos e depois vou
trabalhar". Eu ia anotar os conteúdos e depois, sonso, dormia.

Alguns pontos daquele convívio me parecem relevantes. Primeiro, a pessoa de
Fidel. Ela é maior que a Ilha. Seu marxismo é antes ético que político: como
fazer justiça aos pobres? Em seguida, seu bom conhecimento da teologia da
libertação. Lera uma motanha de livros, todos anotados, com listas de termos
e de dúvidas que tirava a limpo comigo. Cheguei a dizer: "se o Cardeal
Ratzinger entendesse metade do que o Sr. entende de teologia da libertação,
bem diferente seria meu destino pessoal e o futuro desta teologia". Foi
nesse contexto que confessou: "Mais e mais estou convencido de que nenhuma
revolução latino-americana será verdadeira, popular e triunfante se não
incorporar o elemento religioso".

Talvez por causa desta convicção que praticamente nos obrigou a mim e ao
Frei Betto a darmos sucessivos cursos de religião e de cristianismo a todo o
segundo escalão do Governo e, em alguns momentos, com todos os ministros
presentes. Esses verdadeiros cursos foram decisivos para o Governo chegar a
um diálogo e a uma certa "reconciliação" com a Igreja Católica e demais
religiões em Cuba. Por fim uma confissão sua: "Fui interno dos jesuitas por
vários anos; eles me deram disciplina mas não me ensinaram a pensar. Na
prisão, lendo Marx, aprendi a pensar. Por causa da pressão norte-americana
tive que me aproximar da União Soviética. Mas se tivesse na época uma
teologia da libertação, eu seguramente a teria abraçado e aplicado em Cuba."
E arrematou:"Se um dia eu voltar à fé da infância, será pelas mãos de Fray
Betto e de Fray Boff que retornarei". Chegamos a momentos de tanta sintonia
que só faltava rezarmos juntos o Pai-Nosso.

Eu havia escrito 4 grossos cadernos sobre nossos diálogos. Assaltaram meu
carro no Rio e levaram tudo. O livro imaginado jamais poderá ser escrito.
Mas guardo a memória de uma experiência iniqualável de um chefe de Estado
preocupado com a dignidade e o futuro dos pobres.

Material fornecido por Vera do Izquierda Unida
 
Minha mensagem a um construtor da História



Max Altman

04 de agosto de 2006



Quando em julho de 1953 - faz 53 anos - um grupo de jovens levou a cabo o assalto armado ao quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, como ato de resistência à brutal ditadura de Batista, no comando lá estava Fidel, no verdor de seus 26 anos, acendendo os sonhos rebeldes contra ditaduras que campeavam em nossa região: Duvalier no Haiti, Trujillo seguía em seu feudo dominicano, Somoza continuava roubando e matando refestelado na Nicarágua, sua fazenda pessoal, a tentativa de uma reforma democrática na Guatemala com o governo de Jacobo Arbenz sendo esmagada impiedosamente pelos Estados Unidos, Pérez Jiménez, produto de um golpe de Estado, mandando na Venezuela. Outros dois homens a cavalo comandavam manu militari: no Peru, o general Manuel Odría e na Colombia o general Gustavo Rojas Pinilla, enquanto Alfredo Stroessner contrabandeava, roubava e torturava em sua grande quinta, o Paraguai.



Quando em dezembro de 1956, o iate Granma desembarcava, nas costas orientais de Cuba, um punhado de bravos, Che, Camilo, Raúl entre eles, lá estava Fidel à frente, alimentando as esperanças de seu povo e de muitos povos oprimidos.

Escalaram a Sierra Maestra, e paulatinamente os ‘barbudos’ foram ganhando terreno junto as massas camponesas e urbanas, enfrentando militarmente as forças da ditadura, sob a orientação política e guerrilheira de Fidel. Corações e mentes dos lutadores em todos os quadrantes explodiram de emoção quando o exército rebelde entra em Havana para hastear a bandeira do triunfo da Revolução, em 1º de janeiro de 1959.

Segue-se a fase de consolidação da vitória, reforma agrária, brigadas de alfabetização, trabalho voluntário, nacionalizações e o acosso do poderoso vizinho não tardou. Atos de sabotagem, fuga de pessoal qualificado, pressões econômicas, ameaças políticas não bastaram para conter o ímpeto revolucionário. Aí 1500 mercenários treinados e apoiados pela CIA invadem Cuba em abril de 1961, com o objetivo de esmagar a revolução. Em menos de 72 horas são derrotados em Playa Girón pelas forças armadas revolucionárias dirigidas diretamente pelo comandante Fidel.

Depois vieram a Crise dos Mísseis, o bloqueio, o isolamento diplomático no continente, os sucessivos atos de sabotagem externa, as tentativas de assassinato. No entanto Fidel resistiu, orientando e construindo a unidade e a consciência de seu povo com os famosos longos e substanciosos discursos, erguendo uma fortaleza antiimperialista a um palmo de distância do inimigo.



Quando os anos de chumbo envolveram os países do Cone Sul e a Operação Condor se esmerava em sessões de tortura e inaugurava a figura do ‘desaparecido político’, muitos dos meus companheiros, que hoje, no governo Lula, no Partido dos Trabalhadores, em outros partidos e entidades, se empenham na luta por melhores dias para o povo brasileiro, encontraram abrigo nas asas generosas da solidariedade do povo cubano.

E esta solidariedade internacionalista se estendeu a Angola para conter o avanço do’apartheid’, a Allende para tentar deter a investida do fascismo em nossa região, se expressou na ajuda logística e humanitária a tantos outros movimentos de libertação.

Décadas se passaram, o bloqueio e a pressão do império norte-americano se acirraram quando a União Soviética e o sistema socialista desmoronou. Diante do tétrico cenário, Fidel foi ao povo, expôs a dura realidade e propôs resistir para defender as conquistas revolucionárias. Quase nenhuma voz autorizada acreditou que Cuba suportasse. E suportou. Venceu as etapas mais árduas do ‘período especial’ e em meio a ingentes dificuldades foi e vai em frente.



Cuba não exporta mais sua revolução, dispõe-se apenas a socializar internacionalmente sua capacidade acumulada na medicina preventiva, na educação básica e em diversas ações sociais. No entanto, a expressão simbólica e romântica de Fidel é a mesma dos tempos em que a revolução vitoriosa era o farol para os movimentos de rebeldia. A imagem que hoje sobressai é de uma liderança que defendeu com tenacidade a sobrevivência de sua nação num contexto internacional hostil e de campanhas de mídia provocadoras.

Em você, companheiro Fidel, reconhecemos a autoria de uma imponente obra revolucionária, um protagonista da cena mundial nos últimos 50 anos e a estatura moral que atrai a admiração de dezenas de milhares de lideranças sociais e políticas e de dezenas de milhões de simples homens do povo.



Há quem festeje nas ruas de Miami, num ritual macabro de ódio e podridão, a sua doença. São os mesmos que acobertam o terrorismo e os terroristas, são aqueles que oraram para que caísse o avião que transportava o menino Elián e seu pai de volta para casa. E se desesperam, atônitos, confusos, paralisados, pois o povo cubano prossegue na defesa tranqüila, firme e inabalável das conquistas revolucionárias.



Aqueles que, espalhados pelo mundo e pela Nossa América, viveram e conviveram com a epopéia dos heróis de Sierra Maestra, as gerações que se seguiram, que carregaram no peito a efígie de Che e na mente a força da palavra e da ação de Fidel, os jovens de hoje que se emocionam diante da lenda viva construída de coragem e entrega, esperamos todos pela sua recuperação.



Que continue vivendo para semear entre os povos a mais poderosa das armas, mais poderosa que o mais aterrorizante míssil balístico: a arma do conhecimento, a arma das idéias.



Max Altman

04 de agosto de 2006

Contribuição de Lilian Vaz, do Izquierda Unida.
 
RELATO DE UMA VIAGEM A CUBA

- Por Antônio Gabriel Haddad

Passei 26 dias em Cuba, no ano passado. Fidel Castro e a Revolução são venerados pela esmagadora maioria da população. Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Raul Castro e outros ícones da Revolução são espontaneamente cultuados nas casas. Com alguma frequência, há retratos de Che ao lado de imagens de Cristo sobre televisores. Todos lá são eleitos, Fidel Castro inclusive, em um avançado processo de participação popular, típico de uma democracia socialista.

Não tenha a ilusão de que minha visita à ilha se restringiu a resorts de Varadero e Havana. Não mesmo. Fui por conta própria, sem pacote de viagem, e fiz meu roteiro. Não fui abordado nas ruas uma única vez pelas "terríveis" e "repressoras" autoridades da ilha. Corringindo, fui abordado uma vez. Uma policial gentilmente solicitou que eu tirasse minha mala que ocupava um assento vazio no terminal rodoviário de Camagüey. Aqui, o primeiro exemplo da educação e da solidariedade cubanas.

Circulei em qualquer horário por qualquer lugar, em todas as oito cidades que visitei. Conversei com quem eu quis. Entrei em hospitais, em lojas, em lachonetes. Tentei conhecer o máximo possível de pontos não-turísticos. Em suma, tive contato com o que há de melhor em Cuba: o povo cubano. Hospedei-me em casas particulares.

Em Trinidad, a dona da casa que me abrigou falava com orgulho do filho médico, que estava servindo em missão internacional na Venezuela, sem ganhar um único centavo a mais. Expliquei-lhe o perfil dos médicos de ponta no Brasil. Filhos da elite branca, que estudam em universidades públicas e, depois de formados, montam seus consultórios nos Jardins para cobrar R$ 500 uma consultinha de merda. Tentei comentar também sobre juízes que vendem sentenças, policiais que se envolvem com quadrilhas, fiscais que negociam com sonegadores e reduzem tributos, prefeitos que desviam dinheiro da merenda escolar, todas essas deformações de nossa espetacular sociedade democrática. Tudo era incompreensível para ela, uma solidária mulher cubana, que sofre com a ausência do filho distante, mas diz que o apoiará sempre, enquanto os desamparados do mundo necessitarem de seu auxílio e de seus conhecimentos.

Sabe quem é o grande idealizador e condutor do programa cubano de solidariedade médica? O abominável, o ditador, o déspota, o tirano, o cruel, o totalitário Fidel Castro, a quem muitos desejam a morte breve para que se acelere o fim da tal dinastia, não é mesmo?

É evidente que Cuba não é o paraíso. Nem mesmo o governo cubano vende essa imagem do país. Cuba é um país pobre, com problemas econômicos seculares, agravados por um bloqueio econômico criminoso imposto pelos "democráticos" norte-americanos há quase cinco décadas. Pode lhes faltar bens de consumo, luxo doméstico, carros do ano, mas é gratificante andar por toda a ilha e não encontrar uma única criança abandonada, sem escola, descalça ou uma única pessoa revirando lixo para se alimentar.

Eu termino este nem tão breve desabafo com os dizeres de um outdoor na estrada que leva ao aeroporto José Marti: "Esta noche, doscientos millones de niños duermen en las calles. Ninguno de ellos es cubano" (essa noite, duzentos milhões de crianças dormirão nas ruas. Nenhuma delas é cubana). Troco a nossa democracia deformada, que dá direitos apenas às minorias que têm algo, pela "dinastia" cubana, que conferiu altivez e dignidade a todo um povo, sem distinção.

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Quem quiser saber mais sobre a história de Cuba, a revolução e a situação atual do pais, recomendo a leitura do livro "¿Y Ahora, Fidel?", de Arthur Amorim
 
RELATO DE UMA VIAGEM A CUBA

- Por Antônio Gabriel Haddad

Passei 26 dias em Cuba, no ano passado. Fidel Castro e a Revolução são venerados pela esmagadora maioria da população. Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Raul Castro e outros ícones da Revolução são espontaneamente cultuados nas casas. Com alguma frequência, há retratos de Che ao lado de imagens de Cristo sobre televisores. Todos lá são eleitos, Fidel Castro inclusive, em um avançado processo de participação popular, típico de uma democracia socialista.

Não tenha a ilusão de que minha visita à ilha se restringiu a resorts de Varadero e Havana. Não mesmo. Fui por conta própria, sem pacote de viagem, e fiz meu roteiro. Não fui abordado nas ruas uma única vez pelas "terríveis" e "repressoras" autoridades da ilha. Corringindo, fui abordado uma vez. Uma policial gentilmente solicitou que eu tirasse minha mala que ocupava um assento vazio no terminal rodoviário de Camagüey. Aqui, o primeiro exemplo da educação e da solidariedade cubanas.

Circulei em qualquer horário por qualquer lugar, em todas as oito cidades que visitei. Conversei com quem eu quis. Entrei em hospitais, em lojas, em lachonetes. Tentei conhecer o máximo possível de pontos não-turísticos. Em suma, tive contato com o que há de melhor em Cuba: o povo cubano. Hospedei-me em casas particulares.

Em Trinidad, a dona da casa que me abrigou falava com orgulho do filho médico, que estava servindo em missão internacional na Venezuela, sem ganhar um único centavo a mais. Expliquei-lhe o perfil dos médicos de ponta no Brasil. Filhos da elite branca, que estudam em universidades públicas e, depois de formados, montam seus consultórios nos Jardins para cobrar R$ 500 uma consultinha de merda. Tentei comentar também sobre juízes que vendem sentenças, policiais que se envolvem com quadrilhas, fiscais que negociam com sonegadores e reduzem tributos, prefeitos que desviam dinheiro da merenda escolar, todas essas deformações de nossa espetacular sociedade democrática. Tudo era incompreensível para ela, uma solidária mulher cubana, que sofre com a ausência do filho distante, mas diz que o apoiará sempre, enquanto os desamparados do mundo necessitarem de seu auxílio e de seus conhecimentos.

Sabe quem é o grande idealizador e condutor do programa cubano de solidariedade médica? O abominável, o ditador, o déspota, o tirano, o cruel, o totalitário Fidel Castro, a quem muitos desejam a morte breve para que se acelere o fim da tal dinastia, não é mesmo?

É evidente que Cuba não é o paraíso. Nem mesmo o governo cubano vende essa imagem do país. Cuba é um país pobre, com problemas econômicos seculares, agravados por um bloqueio econômico criminoso imposto pelos "democráticos" norte-americanos há quase cinco décadas. Pode lhes faltar bens de consumo, luxo doméstico, carros do ano, mas é gratificante andar por toda a ilha e não encontrar uma única criança abandonada, sem escola, descalça ou uma única pessoa revirando lixo para se alimentar.

Eu termino este nem tão breve desabafo com os dizeres de um outdoor na estrada que leva ao aeroporto José Marti: "Esta noche, doscientos millones de niños duermen en las calles. Ninguno de ellos es cubano" (essa noite, duzentos milhões de crianças dormirão nas ruas. Nenhuma delas é cubana). Troco a nossa democracia deformada, que dá direitos apenas às minorias que têm algo, pela "dinastia" cubana, que conferiu altivez e dignidade a todo um povo, sem distinção.
 
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