sábado, julho 15, 2006
A sala, a cozinha e a "Dependência de Empregados"
De repente o ódio rompeu as entranhas da cidade de São Paulo, se espalhou pelas ruas e por cidades do interior pedalando as estatísticas da violência, como uma centelha que escapou do ranger de dentes de detrás das grades dos presídios. O sangue escorreu pelas calçadas das ruas paulistanas. Delegacias, edifícios públicos e bancos alvejados. Ônibus arderam em chamas. Curioso! Os carros de luxo dos magnatas quedaram intactos. Os paulistanos que movem a poderosa máquina da produção e consumo viram que São Paulo pode parar. Aquele rapaz ou aquela moça parados na esquina ou que cruza na multidão que anda pelas ruas da cidade, de olhar misterioso, pode ser de uma organização criminosa. Os novaiorquinos sentiram algo parecido quando acordaram do "sonho americano" com os estrondos do choque dos aviões com as torres gêmeas. Corações e mentes apossados. Assim vive São Paulo, o coração do capitalismo selvagem brasileiro.
Há muito tempo, nos piques e repiques da crise econômica e social, as ruas do centro de São Paulo carregam tensões altamente explosivas. Uma pedrada num vidro de uma loja poderia desencadear um saque de proporções inimagináveis. Isso é da cidade que pulsa no ritmo frenético do trabalho e da busca insaciável do lucro, como se o trabalho e o dinheiro fossem um fetiche, contradições próprias da sociedade da desigualdade e da opressão. O ataque aos edifícios públicos e aos bancos são sintomáticos. O Estado, representado pela organização jurídico-policial opressora e protetora dos privilégios de classe, e os bancos frutos maiores da acumulação.
Esse conflito latente sempre existiu, mas foi tratado com indiferença pelos donos do poder. No mais recente ciclo de industrialização do Brasil, São Paulo concentrou o maior número de poderosas empresas industriais e atraiu o maior contingente de pessoas no maior fluxo migratório campo-cidade, onde vive uma multidão em condições sub-humanas a disputar as migalhas da mais poderosa elite do país. \n Em entrevista à imprensa, o governador Cláudio Lambo, liderança orgânica do PFL, deu uma declaração no mínimo polêmica, como acordado de um pesadelo. Disse: "nós temos uma minoria branca muito perversa". "A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para sustentar a miséria social brasileira, no sentido de haver mais emprego, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações"\n. Claudio Lembo é um homem de formação intelectual sólida, conhece bem os problemas brasileiros, mas tem sua parcela de responsabilidade por fazer parte do espectro de forças políticas ideológicas que dá sustentação aos últimos governos neoliberais. Atacou o cinismo da elite tentando esconder o seu próprio cinismo.\n\n Essa mesma elite branca, escravocrata, que se juntou para proclamar a República, em 1889, camuflou o seu desenraizamento. Manteve os olhos voltados para além das águas do Atlântico ou para o hemisfério norte. Tornou-se indiferente aos problemas vividos pelos de baixo, não demonstraram qualquer compromisso com a gente que tece com suas mãos o futuro e a identidade do País. Mantém o sentimento patrimonialista pela "\nres publica". Loteia os orçamentos públicos e os cargos da burocracia do Estado como quem reparte um bolo de festa. Aos mais próximos do Poder são oferecidas as maiores fatias. Para os de baixo, restam as migalhas e os presídios destinados aos miseráveis acometidos das patologias sociais decorrentes do peso das contradições da pirâmide social.\n\n Vale lembrar, que a violência social vem de raízes profundas, varando séculos. No processo de colonização, onde os brancos europeus até agora foram vencedores, as cicatrizes estão abertas. O sangue das nações indígenas dizimadas escorreu pelo campo. Os negros ainda carregam na pele e na alma as marcas da humilhação. \n"O homem cordial" escamoteia sua violência na índole cristã. Busca a paz em igrejas e em templos de consumo. Surdos, não percebem o crepitar do discurso na batida do Hip Hop, que embala a multidão de excluídos da nova geração na teia da mídia eletrônica, expandida pelas novas tecnologias, dissolvendo os muros que impediam a comunicação entre comunidades pobres de todos o País.\n",1] ); //-->
Em entrevista à imprensa, o governador Cláudio Lambo, liderança orgânica do PFL, deu uma declaração no mínimo polêmica, como acordado de um pesadelo. Disse: "nós temos uma minoria branca muito perversa". "A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para sustentar a miséria social brasileira, no sentido de haver mais emprego, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações" . Claudio Lembo é um homem de formação intelectual sólida, conhece bem os problemas brasileiros, mas tem sua parcela de responsabilidade por fazer parte do espectro de forças políticas ideológicas que dá sustentação aos últimos governos neoliberais. Atacou o cinismo da elite tentando esconder o seu próprio cinismo.
Essa mesma elite branca, escravocrata, que se juntou para proclamar a República, em 1889, camuflou o seu desenraizamento. Manteve os olhos voltados para além das águas do Atlântico ou para o hemisfério norte. Tornou-se indiferente aos problemas vividos pelos de baixo, não demonstraram qualquer compromisso com a gente que tece com suas mãos o futuro e a identidade do País. Mantém o sentimento patrimonialista pela " res publica". Loteia os orçamentos públicos e os cargos da burocracia do Estado como quem reparte um bolo de festa. Aos mais próximos do Poder são oferecidas as maiores fatias. Para os de baixo, restam as migalhas e os presídios destinados aos miseráveis acometidos das patologias sociais decorrentes do peso das contradições da pirâmide social.
Vale lembrar, que a violência social vem de raízes profundas, varando séculos. No processo de colonização, onde os brancos europeus até agora foram vencedores, as cicatrizes estão abertas. O sangue das nações indígenas dizimadas escorreu pelo campo. Os negros ainda carregam na pele e na alma as marcas da humilhação. "O homem cordial" escamoteia sua violência na índole cristã. Busca a paz em igrejas e em templos de consumo. Surdos, não percebem o crepitar do discurso na batida do Hip Hop, que embala a multidão de excluídos da nova geração na teia da mídia eletrônica, expandida pelas novas tecnologias, dissolvendo os muros que impediam a comunicação entre comunidades pobres de todos o País. \n Num país como o Brasil, as estatísticas da criminalidade confirmam a perversidade da herança colonial. Essa violência vive latente nas relações sociais, no "nós e eles" do centro e periferia, no morro e asfalto, no trabalho, na arquitetura das residências, onde a senzala permanece na cozinha e na dependência de empregados, enfim, a desigualdade permanece e o cinismo cresce forjando a "felicidade" do "País Tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza".\n\n A droga chegou como uma moeda para parte das comunidades pobres das periferias das metrópolis. Movimenta as economias locais, gera renda para quem não teve oportunidade de emprego ou desistiu dos miseráveis salários e do tratamento degradante dos patrões. Segundo o jornalista Gilberto Dimenstein, o Brasil tem hoje cerca de 9 milhões de jovens, que não trabalham nem estudam, espalhados pelas principais capitais do país. O dinheiro que alimenta o mercado das drogas vem de quem o tem para comprar. O tráfico cresceu, se estruturou, se armou, criou um Estado dentro do Estado, com regras e comando. Agora desafia o Estado republicano, para desespero do \nestablisment.\n Enganam aqueles que acham que a violência vai ser estancada apenas com leis mais duras, com policiais mais bem armados, com mais presídios. Dizem os especialistas que o crime se organiza no vácuo de valores humanistas e pela necessidade de pertencimento a grupos sociais. A democracia política não chegou nos de baixo e muito menos a democracia plena. Evidentemente, isso não quer dizer que a criminalidade é um fenômeno apenas das classes desfavorecidas, mas as condições sociais propiciam os desequilíbrios. A criminalidade no ambiente dos ricos é conhecida. Também conhecido o tratamento dispensado aos ricos pelo Judiciário. O fato é que os valores humanistas não conseguiu gerar instituições suficientes e disponíveis para toda a população. O sistema educacional e as instituições políticas não conseguem atrair todos os que têm a necessidade de pertencimento, para que a civilização possa superar a barbárie. \n",1] ); //-->
Num país como o Brasil, as estatísticas da criminalidade confirmam a perversidade da herança colonial. Essa violência vive latente nas relações sociais, no "nós e eles" do centro e periferia, no morro e asfalto, no trabalho, na arquitetura das residências, onde a senzala permanece na cozinha e na dependência de empregados, enfim, a desigualdade permanece e o cinismo cresce forjando a "felicidade" do "País Tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza".
A droga chegou como uma moeda para parte das comunidades pobres das periferias das metrópolis. Movimenta as economias locais, gera renda para quem não teve oportunidade de emprego ou desistiu dos miseráveis salários e do tratamento degradante dos patrões. Segundo o jornalista Gilberto Dimenstein, o Brasil tem hoje cerca de 9 milhões de jovens, que não trabalham nem estudam, espalhados pelas principais capitais do país. O dinheiro que alimenta o mercado das drogas vem de quem o tem para comprar. O tráfico cresceu, se estruturou, se armou, criou um Estado dentro do Estado, com regras e comando. Agora desafia o Estado republicano, para desespero do establisment.
Enganam aqueles que acham que a violência vai ser estancada apenas com leis mais duras, com policiais mais bem armados, com mais presídios. Dizem os especialistas que o crime se organiza no vácuo de valores humanistas e pela necessidade de pertencimento a grupos sociais. A democracia política não chegou nos de baixo e muito menos a democracia plena. Evidentemente, isso não quer dizer que a criminalidade é um fenômeno apenas das classes desfavorecidas, mas as condições sociais propiciam os desequilíbrios. A criminalidade no ambiente dos ricos é conhecida. Também conhecido o tratamento dispensado aos ricos pelo Judiciário. O fato é que os valores humanistas não conseguiu gerar instituições suficientes e disponíveis para toda a população. O sistema educacional e as instituições políticas não conseguem atrair todos os que têm a necessidade de pertencimento, para que a civilização possa superar a barbárie.
Laurez Cerqueira é jornalista e escritor, autor de “Florestan Fernandes vida e obra” e “Florestan Fernandes – um mestre radical.”
Há muito tempo, nos piques e repiques da crise econômica e social, as ruas do centro de São Paulo carregam tensões altamente explosivas. Uma pedrada num vidro de uma loja poderia desencadear um saque de proporções inimagináveis. Isso é da cidade que pulsa no ritmo frenético do trabalho e da busca insaciável do lucro, como se o trabalho e o dinheiro fossem um fetiche, contradições próprias da sociedade da desigualdade e da opressão. O ataque aos edifícios públicos e aos bancos são sintomáticos. O Estado, representado pela organização jurídico-policial opressora e protetora dos privilégios de classe, e os bancos frutos maiores da acumulação.
Esse conflito latente sempre existiu, mas foi tratado com indiferença pelos donos do poder. No mais recente ciclo de industrialização do Brasil, São Paulo concentrou o maior número de poderosas empresas industriais e atraiu o maior contingente de pessoas no maior fluxo migratório campo-cidade, onde vive uma multidão em condições sub-humanas a disputar as migalhas da mais poderosa elite do país. \n Em entrevista à imprensa, o governador Cláudio Lambo, liderança orgânica do PFL, deu uma declaração no mínimo polêmica, como acordado de um pesadelo. Disse: "nós temos uma minoria branca muito perversa". "A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para sustentar a miséria social brasileira, no sentido de haver mais emprego, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações"\n. Claudio Lembo é um homem de formação intelectual sólida, conhece bem os problemas brasileiros, mas tem sua parcela de responsabilidade por fazer parte do espectro de forças políticas ideológicas que dá sustentação aos últimos governos neoliberais. Atacou o cinismo da elite tentando esconder o seu próprio cinismo.\n\n Essa mesma elite branca, escravocrata, que se juntou para proclamar a República, em 1889, camuflou o seu desenraizamento. Manteve os olhos voltados para além das águas do Atlântico ou para o hemisfério norte. Tornou-se indiferente aos problemas vividos pelos de baixo, não demonstraram qualquer compromisso com a gente que tece com suas mãos o futuro e a identidade do País. Mantém o sentimento patrimonialista pela "\nres publica". Loteia os orçamentos públicos e os cargos da burocracia do Estado como quem reparte um bolo de festa. Aos mais próximos do Poder são oferecidas as maiores fatias. Para os de baixo, restam as migalhas e os presídios destinados aos miseráveis acometidos das patologias sociais decorrentes do peso das contradições da pirâmide social.\n\n Vale lembrar, que a violência social vem de raízes profundas, varando séculos. No processo de colonização, onde os brancos europeus até agora foram vencedores, as cicatrizes estão abertas. O sangue das nações indígenas dizimadas escorreu pelo campo. Os negros ainda carregam na pele e na alma as marcas da humilhação. \n"O homem cordial" escamoteia sua violência na índole cristã. Busca a paz em igrejas e em templos de consumo. Surdos, não percebem o crepitar do discurso na batida do Hip Hop, que embala a multidão de excluídos da nova geração na teia da mídia eletrônica, expandida pelas novas tecnologias, dissolvendo os muros que impediam a comunicação entre comunidades pobres de todos o País.\n",1] ); //-->
Em entrevista à imprensa, o governador Cláudio Lambo, liderança orgânica do PFL, deu uma declaração no mínimo polêmica, como acordado de um pesadelo. Disse: "nós temos uma minoria branca muito perversa". "A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para sustentar a miséria social brasileira, no sentido de haver mais emprego, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações" . Claudio Lembo é um homem de formação intelectual sólida, conhece bem os problemas brasileiros, mas tem sua parcela de responsabilidade por fazer parte do espectro de forças políticas ideológicas que dá sustentação aos últimos governos neoliberais. Atacou o cinismo da elite tentando esconder o seu próprio cinismo.
Essa mesma elite branca, escravocrata, que se juntou para proclamar a República, em 1889, camuflou o seu desenraizamento. Manteve os olhos voltados para além das águas do Atlântico ou para o hemisfério norte. Tornou-se indiferente aos problemas vividos pelos de baixo, não demonstraram qualquer compromisso com a gente que tece com suas mãos o futuro e a identidade do País. Mantém o sentimento patrimonialista pela " res publica". Loteia os orçamentos públicos e os cargos da burocracia do Estado como quem reparte um bolo de festa. Aos mais próximos do Poder são oferecidas as maiores fatias. Para os de baixo, restam as migalhas e os presídios destinados aos miseráveis acometidos das patologias sociais decorrentes do peso das contradições da pirâmide social.
Vale lembrar, que a violência social vem de raízes profundas, varando séculos. No processo de colonização, onde os brancos europeus até agora foram vencedores, as cicatrizes estão abertas. O sangue das nações indígenas dizimadas escorreu pelo campo. Os negros ainda carregam na pele e na alma as marcas da humilhação. "O homem cordial" escamoteia sua violência na índole cristã. Busca a paz em igrejas e em templos de consumo. Surdos, não percebem o crepitar do discurso na batida do Hip Hop, que embala a multidão de excluídos da nova geração na teia da mídia eletrônica, expandida pelas novas tecnologias, dissolvendo os muros que impediam a comunicação entre comunidades pobres de todos o País. \n Num país como o Brasil, as estatísticas da criminalidade confirmam a perversidade da herança colonial. Essa violência vive latente nas relações sociais, no "nós e eles" do centro e periferia, no morro e asfalto, no trabalho, na arquitetura das residências, onde a senzala permanece na cozinha e na dependência de empregados, enfim, a desigualdade permanece e o cinismo cresce forjando a "felicidade" do "País Tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza".\n\n A droga chegou como uma moeda para parte das comunidades pobres das periferias das metrópolis. Movimenta as economias locais, gera renda para quem não teve oportunidade de emprego ou desistiu dos miseráveis salários e do tratamento degradante dos patrões. Segundo o jornalista Gilberto Dimenstein, o Brasil tem hoje cerca de 9 milhões de jovens, que não trabalham nem estudam, espalhados pelas principais capitais do país. O dinheiro que alimenta o mercado das drogas vem de quem o tem para comprar. O tráfico cresceu, se estruturou, se armou, criou um Estado dentro do Estado, com regras e comando. Agora desafia o Estado republicano, para desespero do \nestablisment.\n Enganam aqueles que acham que a violência vai ser estancada apenas com leis mais duras, com policiais mais bem armados, com mais presídios. Dizem os especialistas que o crime se organiza no vácuo de valores humanistas e pela necessidade de pertencimento a grupos sociais. A democracia política não chegou nos de baixo e muito menos a democracia plena. Evidentemente, isso não quer dizer que a criminalidade é um fenômeno apenas das classes desfavorecidas, mas as condições sociais propiciam os desequilíbrios. A criminalidade no ambiente dos ricos é conhecida. Também conhecido o tratamento dispensado aos ricos pelo Judiciário. O fato é que os valores humanistas não conseguiu gerar instituições suficientes e disponíveis para toda a população. O sistema educacional e as instituições políticas não conseguem atrair todos os que têm a necessidade de pertencimento, para que a civilização possa superar a barbárie. \n",1] ); //-->
Num país como o Brasil, as estatísticas da criminalidade confirmam a perversidade da herança colonial. Essa violência vive latente nas relações sociais, no "nós e eles" do centro e periferia, no morro e asfalto, no trabalho, na arquitetura das residências, onde a senzala permanece na cozinha e na dependência de empregados, enfim, a desigualdade permanece e o cinismo cresce forjando a "felicidade" do "País Tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza".
A droga chegou como uma moeda para parte das comunidades pobres das periferias das metrópolis. Movimenta as economias locais, gera renda para quem não teve oportunidade de emprego ou desistiu dos miseráveis salários e do tratamento degradante dos patrões. Segundo o jornalista Gilberto Dimenstein, o Brasil tem hoje cerca de 9 milhões de jovens, que não trabalham nem estudam, espalhados pelas principais capitais do país. O dinheiro que alimenta o mercado das drogas vem de quem o tem para comprar. O tráfico cresceu, se estruturou, se armou, criou um Estado dentro do Estado, com regras e comando. Agora desafia o Estado republicano, para desespero do establisment.
Enganam aqueles que acham que a violência vai ser estancada apenas com leis mais duras, com policiais mais bem armados, com mais presídios. Dizem os especialistas que o crime se organiza no vácuo de valores humanistas e pela necessidade de pertencimento a grupos sociais. A democracia política não chegou nos de baixo e muito menos a democracia plena. Evidentemente, isso não quer dizer que a criminalidade é um fenômeno apenas das classes desfavorecidas, mas as condições sociais propiciam os desequilíbrios. A criminalidade no ambiente dos ricos é conhecida. Também conhecido o tratamento dispensado aos ricos pelo Judiciário. O fato é que os valores humanistas não conseguiu gerar instituições suficientes e disponíveis para toda a população. O sistema educacional e as instituições políticas não conseguem atrair todos os que têm a necessidade de pertencimento, para que a civilização possa superar a barbárie.
Laurez Cerqueira é jornalista e escritor, autor de “Florestan Fernandes vida e obra” e “Florestan Fernandes – um mestre radical.”