www.pedalaoposicao.blogspot.com

 

 

Clique aqui caso não visualize o menu principal   

quarta-feira, julho 12, 2006

O que restou para os tucanos?

O que restou para os tucanos?

Por: Laurez Cerqueira - em: 05/05/2006

O repique da crise política do governo Lula provocado pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo deixou muita gente perplexa e indignada, mais talvez pelo primarismo do erro do que pela gravidade em si do delito. A oposição, no Congresso, age ao sabor dos fatos que lhes são servidos de bandeja por integrantes do governo, surpreendentemente capazes de gerar crises e alimentar o oposicionismo. Mas não é só o governo que sofre de males auto-destrutivos. A oposição também, como se a política esmaecesse e em seu lugar brotasse o vale-tudo pelo poder.
O oposicionismo anda cheirando a fascismo. Alimenta o ódio de classe, instiga preconceitos, tenta criar uma situação de desestabilização do governo, mas, desprovida de apoio popular. A oposição escarafuncha a vida pessoal do presidente Lula a procura de algo que possa ser o tiro fatal no governo, procura pautar o impeachment, mas no próprio bloco de oposição essa tese não é consenso. Fernando Henrique chegou a confessar a pessoas próximas que o impeachment dividiria o país de norte a sul e a partir daí estaria instalada uma crise política com desdobramentos imprevisíveis. O sistema não quer saber de crise política. A oposição está numa saia justa.
O dilema vivido pelo PSDB, recentemente, para indicar o candidato a presidente da República, e o PFL para escolher o vice da chapa, é um sintoma revelador, de que as coisas também não andam bem no ninho da oposição. A oposição anda em descompasso com a conjuntura. Não conseguiu construir uma candidatura consistente durante a evolução da crise política. Está sem discurso e sem rumo, mesmo depois de quase um ano de ataques ao governo, sem que a avaliação popular do presidente Lula caísse a níveis de uma possível derrota nas eleições.
Superado o impasse, a cúpula do PSDB apresentou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um candidato que não é consenso nem sequer no próprio partido, muito menos nos demais partidos da oposição, para enfrentar o presidente Lula. Segundo informação que circula no Congresso, Serra, que também não era candidato de consenso, confidenciou a uma importante liderança tucana que nessas eleições “não seria boi de piranha”, iria se preparar para o futuro.
O ex-presidente Fernando Henrique, líder maior da oposição, incomodado com o apoio popular desfrutado pelo presidente Lula, em plena crise, e com as idas e vindas na indicação do candidato tucano, reapareceu na arena política, estocou o governo, pousou ao lado do candidato Ackmin, no dia do lançamento da candidatura, e desapareceu no nevoeiro que encobre a crise da oposição.
Ao aproveitar o vácuo deixado por Serra, Alckmin criou uma situação complicada para seu partido. O partido rachou de norte a sul. O mesmo ocorreu com o PFL, aliado preferencial dos tucanos. Com a verticalização mantida pelo Supremo Tribunal Federal, PFL e PSDB procura manter a aliança que compôs o governo Fernando Henrique Cardoso, mas enfrenta problemas para escolha do vice. Por que não escolhem logo ACM? Sic!
PSDB e PFL são partidos de bases centradas em prefeituras e governos de Estado, não têm inserção significativa nos movimentos sociais. Nas eleições municipais de 2004, o PSDB perdeu 119 prefeituras de um total de 990 que conquistou nas eleições de 2000. O PFL perdeu mais ainda, 228 de um total de 1028 que tinha em 2000. O PMDB tinha 1257 em 2000, perdeu 200, ficou com 1057. O PT tinha 187, ganhou 224, em 2004, ficou com 411. Isso representa uma drástica redução do potencial de votos do candidato tucano. Diferentemente do PT, que tem menos prefeituras em relação aos maiores partidos da oposição. Porém, o PT tem inserção em praticamente todos os movimentos sociais, uma compensação em relação ao número de prefeituras dos partidos de oposição.
O presidente Lula perdeu pontos nas pesquisas de opinião, mais da parte da classe média que parece ter feito uma concessão ao votar no candidato operário, depois de amenizado o preconceito em relação ao PT e seus candidatos. Para essa parte da classe média, que teve seus sonhos de consumo, de viagens internacionais, interrompidos pela desvalorização do Real e pela decadência do governo Fernando Henrique, naquele momento, 2002, era “chique” votar no operário vencedor.
Grande parte da população dá sinais de cansaço das denúncias e das CPI’s. Gira o canal da tv, quando o assunto é luta política, e cuida da vida dizendo que todos os políticos são iguais. Essa lógica domina uma faixa significativa do eleitorado. Um voto tão difícil de ser mudado, segundo especialistas, quanto o voto de identidade de classe catalizado pelo presidente Lula. Esse voto, dessa parte da classe média, deve somar-se aos votos nulos e turbinar o percentual das próximas eleições.
A economia e a área social começaram a apresentar resultados positivos, comparados com o governo anterior, apesar da baixa taxa de crescimento. Na política externa, a articulação do “Eixo Sul Sul” projeta o Brasil nos mais importantes fóruns internacionais. Os êxitos nas questões comerciais e políticas repercutem internamente e turbina a candidatura Lula. Essa estratégia do governo, de manter a comparação com o governo Fernando Henrique tem dado resultados. A rejeição ao governo anterior é muito grande, especialmente por ser identificado como o governo das privatizações, que causou o desemprego estrutural e arruinou a vida de milhões de pessoas. O governo Lula tem indicadores muito melhores e obras para mostrar.
Lula é fruto de uma história de luta sedimentada. É uma voz doméstica. Goza de respeito, principalmente da população mais pobre, que vê nele um dos seus, lá, com a mão no leme. Enquanto que o candidato Alckmin sofre do estigma de ser mais um candidato paulista, como se só São Paulo pudesse proporcionar candidatos a presidente da República. O Norte, Nordeste e Centro-Oeste, principalmente, começam a desconfiar desse celeiro. Por outro lado, essas regiões receberam maior atenção do governo Lula. Alguns projetos estruturais, de grande porte e de longo prazo, estão mexendo com a população dessas regiões. É o caso da interligação de bacias, com a canalização de 1% do potencial do São Francisco para abastecimento de áreas carentes de água; do projeto de fornecimento de energia, com o bombeamento do gás da Bacia de Santos, que vai margear a BR-101 até o Piauí, para mover termoelétricas em todo Nordeste.
O Nordeste passa a ser um polo atrativo de investimentos com tendência a expansão gradativa da produção de manufaturados. A região foi contemplada com várias universidades federais destinadas a mudar o perfil produtivo. Geograficamente, o Nordeste é mais próximo dos mercados importadores. Por que não industrializar? Além disso, estão sendo construídas redes de ferrovias para transporte de carga e passageiros, enfim, são projetos que, apesar de não estarem todos em plena operação, repercutem na população. Esses são alguns exemplos de projetos que certamente devem mudar a face da região.
Sem entrar na discussão do mérito da questão, o presidente Lula, em resumo, faz do seu governo uma grande mesa de negociação com todos os setores da economia e da vida social do país. O setor financeiro está ganhando muito dinheiro com as altas taxas de juros. O setor agropecuário nunca exportou tanto. Parte desse setor chora agora porque quer que a viúva arque com a parcela do lucro que deixaram de ganhar por causa da diferença do câmbio. Os médios agricultores e a agricultura familiar vão muito bem. O setor da construção civil está com obras de infra-estrutura (estradas, ferrovias, portos, estaleiros, casa própria etc.) programadas para dez, quinze anos, com financiamento do BNDES e de estatais como Petrobras, Eletrobras, e outras, e parcerias com empresas estrangeiras. Precisavam de estabilidade para investir, e agora têm. A indústria cresce de forma consistente, participa cada vez meis da pauta de exportação com produtos competitivos no mercado internacional. O setor de serviços passou a ser o principal item das exportações. O setor do turismo bate recordes de crescimento em razão do crescimento da renda e do emprego.
Os 293 projetos, do governo, de distribuição direta de renda, crédito à vontade, geram poder de compra numa vasta camada da população, antes marginalizada, e proporcionam a criação de um mercado consumidor doméstico que dá sustentação à ampliação das plantas industriais. Com isso cresce o emprego e a economia começa a se movimentar como há muito tampo não acontecia. O novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, está determinado a derrubar a taxa de juros. Praticamente todos os setores produtivos estão satisfeitos com o governo.
Portanto, o que sobrou para os tucanos e seus aliados?


Laurez Cerqueira é jornalista e escritor, autor de Florestan Fernandes vida e obra e “Florestan Fernandes - um mestre radical".

Comentários:
Oi Dê,

Seja muito bem vinda ao Pedala Oposição.

É uma alegria vê-la aqui conosco.

Saudações Socialistas.
 
oi, visitem o meu blog do FF...
é: ff.fernandofernandes.blogspot.com
 
Postar um comentário



Voltar

Número de Visitas

Download Web Counters
Desde 27 de janeiro de 2006

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Página principal Voltar Subir a página