segunda-feira, julho 10, 2006
Classe Média Cresce Explosivamente!!!
Mais gente no meio da pirâmide
Classe média brasileira ganha mais 7 milhões de pessoas, com reação de emprego e salário
Cássia Almeida
Mais de dois milhões de famílias brasileiras conseguiram ascender na pirâmide do consumo este ano e chegaram à classe média, o que representa cerca de sete milhões de pessoas. O segmento voltou a crescer, depois de amargar anos seguidos de empobrecimento com a estagnação ou o fraco crescimento econômico do país a partir da década de 80.
Emprego com carteira assinada em expansão recorde. - foram criadas 1.251.557 vagas formais no último ano - crédito farto e renda do trabalhador reagindo (em maio a alta ficou em 7,7%, a maior desde 2002) são as explicações para a faixa intermediária na escala do consumo ressurgir nas estatísticas. Indicadores do mercado de trabalho e pesquisas de consumo atestam esse avanço. O Instituto de Pesquisa Target, que anualmente acompanha o potencial de consumo de cada classe com base nas pesquisas do IBGE e da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa de Mercado (Abep), constatou ainda que a parcela das famílias que ganham entre R$ 1.140 e R$ 3.750 já corresponde a 66,7% do total este ano, fatia bem superior à registrada em 2001, que fora de 60,7%.
Com mais dois milhões de casas na classe média, o que representa um acréscimo de 7,9% de 2005 para 2006, o consumo dessa parcela da população subirá em R$ 31,19 bilhões este ano, nas projeções da Target. Um avanço de 4,5%.
- Há um claro movimento de ascensão de classe O (renda familiar de R$ 570) subiram na pirâmide. Compraram mais bens duráveis e, como na classificação leva-se em conta também a posse desses bens, houve o avanço para a classe média - constatou o diretor da Target, Marcos Pazzini. Além disso, o diretor diz que este ano houve um aumento mais concentrado no número de domicílios das classes intermediárias.'Ou seja, mais famílias do segmento se formaram. Segundo pesquisas do instituto, a migração também está se dando da classe C para as B 1 e B2.
Gastos maiores com supérfluos e marcas
No mercado de trabalho o fenômeno se repete. A renda apropriada pelos 40% intermediários (estão entre os 50% mais pobres e os 10% mais ricos) subiu de 40,7% em outubro de 2004 para 41,7% no mesmo mês do ano passado. O economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra ainda outro número: a renda domiciliar per capita, descontada a inflação, subiu 14% em outubro de 2005 na comparação anual.
- Os símbolos da classe média, que são emprego com carteira assinada e acessos ao crédito e à faculdade, estão em expansão. O emprego formal dá segurança para consumir - diz Neri.
Na avaliação do economista, esse crescimento na participação veio para ficar, principalmente em relação ao emprego com carteira.
- As empresas estão confiantes, pois há custo na contratação. Por esse lado, a expansão parece sustentável. No início do Real, houve um pico de crescimento isolado, hoje o que se observa é equivalente a uma rampa contínua de crescimento. Quanto ao crédito, o avanço pode ser menor, mas deve continuar.
Essa confiança tomou conta da família de Denise Uchôa, advogada e supervisora de pessoal. Há seis meses, ela comprou o primeiro carro: um Siena 2004, à vista. Para completar o valor do veículo, recorreu ao crédito consignado. Ela espera agora receber os 10% de aumento dados no mês passado. A fábrica de lustres do marido também vai ganhando mercado, o que lhe permite investir em cursos para ela e o filho Thiago, de 10 anos:
- Fiz cursos para a prova da OAB, e meu filho está matriculado no inglês. Estou confiante de que as coisas vão continuar melhorando. A folga na renda está me permitindo estudar mais.
Outro instituto de pesquisa, o LatinPanel, ligado ao Ibope, também viu crescer a fatia da classe C, a faixa intermediária da sua classificação (considera o consumo de famílias que ganham de quatro a dez saláriosmínimos). Na média de 2005, esses domicílios representavam 33% do consumo total no país. Em abril deste ano, a faixa subiu para 38%.
- É uma classe que sofreu muito com o congelamento da tabela do Imposto de Renda e a alta das tarifas públicas. Por isso, vinha enxugando seu orçamento. É uma população ávida por consumir. - explicou Fátima Merlin, gerente de Atendimento ao Varejo do LatinPanel.
Nas pesquisas domiciliares, o LatinPanel constatou ainda um gasto maior com marcas líderes, supérfluos, comidas prontas e produtos mais sofisticados de higiene e limpeza. Enquanto a despesa média da população aumentou 3%, na classe média a alta foi de 5%:
- Mas é consumo muito amparado no crédito. É a fatia mais endividada. Os gastos médios das famílias ultrapassam em 3% a renda. Na classe C, essa margem sobe para 8% - alerta Fátima.
Entre Ricos E Pobres: Cerca de 65 milhões de brasileiros fazem turismo
Mais viagens, previdência privada e carros nos gastos da classe média
Na produção de automóveis, recorde deve ser batido no próximo ano
Com o crescimento da classe média, os setores que vendem produtos dirigidos para essa faixa de renda comemoram expansão recorde este ano. Viagens, planos individuais de previdência privada, carros e casa própria estão em alta no mercado. Segundo o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes, mudou o perfil do turista brasileiro. Além de mais pessoas estarem viajando, o ônibus de linha e a casa de parentes têm dado espaço para o carro e para os hotéis e pousadas.
- Quase 40% da população urbana brasileira estão viajando. Em 2002, eram 36%. São 65 milhões de brasileiros fazendo turismo. As viagens internacionais dobraram no período. Além do dólar mais favorável, o aumento da renda provocou esse avanço - disse Lopes.
Na venda de planos de previdência privada, a velocidade da alta está em 40% ao ano. 'De janeiro a abril, aumentou em 23,18% a receita com esses planos, que deve fechar 2006 com crescimento superior a 30%, na projeção do presidente da Associação Nacional de Previdência Privada (Anapp), Osvaldo Nascimento. Reformas na Previdência Social, aumento da longevidade e renda maior do trabalhador explicam a procura pelos planos de previdência, diz o executivo:
- Precisa haver sobra no orçamento para esse produto ganhar espaço. E esse avanço deve continuar. Está se criando no país a disciplina de poupar - disse ele.
'Os brasileiros começam a ter cultura financeira'
Quem mais procura o produto ganha em média R$ 3.500, tem entre 34 e 55 anos, e as mulheres respondem por quase a metade dos planos. Na casa do publicitário André Rangel Galhardo, cada membro da família tem seu plano de previdência. O filho menor, de J ano, ganhou o seu recentemente, com direito a seguro de vida em caso de morte dos pais.
- Os brasileiros começam a ter cultura financeira, a planejar seu orçamento e futuro.
As estatísticas de licenciamento de carros são outros indicadores de que as finanças estão melhorando para a classe média. A alta até junho chegou a 7,6%, uma expansão que se mantém desde 2003. Segundo estimativas da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) , em 2007 o Brasil deve bater o recorde histórico de 1997, quando a produção atingiu 1,9 milhão de unidades. E mais da metade da produção é de carro mil, a outra metade, até 2.000 cilindradas, opções da classe média.
Somente 0,6% é de carros de luxo. Por trás do avanço, inflação controlada e novamente o aumento da renda e as facilidades de crédito. Por fim, a casa própria, o grande sonho da classe média. Os financiamentos habitacionais explodiram. Desde 2003 vêm crescendo, mas ganharam mais espaço este ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Natalino Gazonato, o valor dos financiamentos em torno de R$ 80 mil indica que a classe média baixa e a média começam a concretizar o desejo de um teto.
- Até as construtoras começaram a deixar de lançar grandes condomínios, com apartamentos no valor de R$ 500 mil e R$ 600 mil. Estão vendo que é um grande filão.
Mudança na legislação, protegendo mais o financiador, e pressão do Banco Central para que os bancos usem mais os recursos da poupança na habitação ajudaram no avanço.
Mas a socióloga Elisabete Dória Bilac, do núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp, teme que esse avanço da classe média, medido no consumo, seja transitório:
- O país ficou estagnado por décadas. Agora, com o crescimento observado recentemente, houve todo este avanço. Vamos ter que esperar para ver se o que foi feito vai permanecer.
Fonte: Caderno de Economia do Jornal O Globo, páginas: 33 (CAPA) e 34. Domingo, nove de julho de 2006.
Da Agência Estado:
"Inflação baixa e crescimento do emprego e da renda aumentaram o otimismo dos brasileiros com o desempenho da economia em junho, revela a pesquisa Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgada na tarde desta sexta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice, que em junho de 2005 foi de 100,2 pontos, registrou 104,8 pontos no mês passado.
Na avaliação do economista Marcelo Azevedo, da Unidade de Política Econômica da CNI, "o consumidor está animado, e isso ajuda a impulsionar o crescimento da economia." Segundo ele, o aumento do otimismo - de 4,6 pontos, ou 4,8% - foi estimulado pela percepção positiva da população sobre o comportamento da inflação, da renda e do emprego. Essa percepção, segundo Azevedo, incentiva o consumidor a ir às compras. O índice de 104,8 pontos registrados no mês passado é o maior valor desde agosto de 1996".
http://noblat1.estadao.com.br/noblat/index.html
Datafolha: No governo Lula, 6 milhões de pessoas deixaram classes D/E
O governo Lula produziu uma melhora considerável na classificação econômica dos eleitores a partir de 2003, revela pesquisa Datafolha. Cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E. A maioria migrou para a C. Praticamente a metade dos 125,9 milhões de eleitores (49%) considera hoje que sua situação econômica vai melhorar.
Ao mesmo tempo, houve um aumento no consumo, sobretudo de alimentos --37% dos eleitores passaram a consumir mais desde 2003. A melhora na renda se dá por uma combinação de cenário econômico positivo e forte aumento do gasto público dirigido aos mais pobres. Na contramão, há queda nos investimentos em infra-estrutura e dúvidas sobre a sustentabilidade da atual política "pró-pobres".
Além disso, os maiores aumentos na renda estão, na verdade, concentrados entre os que têm aplicações financeiras. Mas, em termos gerais, nunca foi tão baixo, desde 1994, o percentual de brasileiros que reclama da insuficiência do seu poder aquisitivo. Hoje, 28% acham "muito pouco" o que a família ganha. Eles somavam 45% antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O Datafolha ouviu 2.828 eleitores no país entre 28 e 29 de junho, quando pesquisou a intenção de voto à Presidência.
No levantamento, Lula (PT) aparece com 46% e Geraldo Alckmin (PSDB), com 29%. A melhora no consumo e nas expectativas dos eleitores mais pobres explica em grande medida o favoritismo do petista, que hoje venceria no 1º turno. A pesquisa também questionou hábitos de consumo, percepção da situação econômica, nível de renda, posse de bens e condições de moradia. Foi considerado ainda o grau de escolaridade do chefe da família.
O cruzamento dos dados permite agrupar os entrevistados em três classes: A/B (48% têm renda familiar mensal superior a cinco salários mínimos), C (68% têm renda de até três mínimos) e D/E (86% têm renda de até dois mínimos). Um dos principais resultados do levantamento é que o total de eleitores na classe D/E diminuiu de 46% para 38% entre outubro de 2002 e agora. A classe C inchou, passando de 32% para 40%. Já a classe A apenas variou de 20% para 22% --dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais para mais ou menos. São justamente as classes D/ E e C que concentram as maiores taxas de intenção de voto em Lula: 54% e 44%, respectivamente; contra 34% na A/B.
A pesquisa também questionou os eleitores sobre a participação em programas sociais do governo, como o Bolsa-Família. Os maiores aumentos de consumo (de alimentos, CDs piratas ou perfume, por exemplo) foram detectados entre membros da classe C que participam ou que têm alguém da família incluído nos programas. Entre esses eleitores, 52% consumiram mais alimentos nos últimos três anos, contra 37% na média geral. Os menores percentuais de aumento de consumo foram detectados na classe D/E.
Mesmo assim, é aí que está concentrada a maior força eleitoral de Lula e, segundo algumas análises, a maior taxa de aumento da renda nos últimos anos. Dentre os D/E que participam de algum programa social, Lula chega a ter 65% da preferência dos eleitores, contra 27% de Alckmin. Os D/E e C também são os mais otimistas em relação ao futuro.
fonte: Folha de São Paulo, 9 de julho de 2006.
O ponteiro da desigualdade social move-se pela primeira vez
O governo Lula produziu uma melhora considerável na classificação econômica dos eleitores a partir de 2003, diz pesquisa Datafolha, publicada pela Folha. Segundo esse levantamento, cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E, sendo que a maioria deles migrou para a C.
- por Emir Sader, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj
DUAS PESQUISAS IMPORTANTES
As manchetes da Folha de São Paulo e do Globo deste domingo falam sobre a transferência de 6 ou 7 milhões de brasileiros para a classe média. O governo Lula produziu uma melhora considerável na classificação econômica dos eleitores a partir de 2003, diz pesquisa Datafolha, publicada pela Folha. Segundo esse levantamento, cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E, sendo que a maioria deles migrou para a C. A manchete do Globo afirma:
“Sete milhões de pessoas sobem para classe média”.
Segundo a matéria, mais de dois milhões de famílias brasileiras conseguiram ascender na pirâmide do consumo este ano e chegaram a classe média, o que representa cerca de sete milhões de pessoas.
As duas pesquisas oferecem três questões importantes para debate:
a) Para a direita: como propor “desenvolvimento, emprego e renda”, melhor do que isso? Pela primeira vez se altera o ponteiro da desigualdade social no Brasil;
b) Para os críticos de esquerda: como são possíveis políticas sociais de efeito tão significativo, sem mudar a política econômica?
c) Para o governo: esgotou-se a forma de melhoria social, sem mudar significativamente a política de emprego (que, na situação atual, gera mais emprego formal, mas de muito baixo nível).
fonte: As informações aqui disponíveis fora a matéria do jornal O Globo foram obtidas através de material divulgado pela equipe do Izquierda Unida (www.brasileiristas.blogspot.com)
Classe média brasileira ganha mais 7 milhões de pessoas, com reação de emprego e salário
Cássia Almeida
Mais de dois milhões de famílias brasileiras conseguiram ascender na pirâmide do consumo este ano e chegaram à classe média, o que representa cerca de sete milhões de pessoas. O segmento voltou a crescer, depois de amargar anos seguidos de empobrecimento com a estagnação ou o fraco crescimento econômico do país a partir da década de 80.
Emprego com carteira assinada em expansão recorde. - foram criadas 1.251.557 vagas formais no último ano - crédito farto e renda do trabalhador reagindo (em maio a alta ficou em 7,7%, a maior desde 2002) são as explicações para a faixa intermediária na escala do consumo ressurgir nas estatísticas. Indicadores do mercado de trabalho e pesquisas de consumo atestam esse avanço. O Instituto de Pesquisa Target, que anualmente acompanha o potencial de consumo de cada classe com base nas pesquisas do IBGE e da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa de Mercado (Abep), constatou ainda que a parcela das famílias que ganham entre R$ 1.140 e R$ 3.750 já corresponde a 66,7% do total este ano, fatia bem superior à registrada em 2001, que fora de 60,7%.
Com mais dois milhões de casas na classe média, o que representa um acréscimo de 7,9% de 2005 para 2006, o consumo dessa parcela da população subirá em R$ 31,19 bilhões este ano, nas projeções da Target. Um avanço de 4,5%.
- Há um claro movimento de ascensão de classe O (renda familiar de R$ 570) subiram na pirâmide. Compraram mais bens duráveis e, como na classificação leva-se em conta também a posse desses bens, houve o avanço para a classe média - constatou o diretor da Target, Marcos Pazzini. Além disso, o diretor diz que este ano houve um aumento mais concentrado no número de domicílios das classes intermediárias.'Ou seja, mais famílias do segmento se formaram. Segundo pesquisas do instituto, a migração também está se dando da classe C para as B 1 e B2.
Gastos maiores com supérfluos e marcas
No mercado de trabalho o fenômeno se repete. A renda apropriada pelos 40% intermediários (estão entre os 50% mais pobres e os 10% mais ricos) subiu de 40,7% em outubro de 2004 para 41,7% no mesmo mês do ano passado. O economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra ainda outro número: a renda domiciliar per capita, descontada a inflação, subiu 14% em outubro de 2005 na comparação anual.
- Os símbolos da classe média, que são emprego com carteira assinada e acessos ao crédito e à faculdade, estão em expansão. O emprego formal dá segurança para consumir - diz Neri.
Na avaliação do economista, esse crescimento na participação veio para ficar, principalmente em relação ao emprego com carteira.
- As empresas estão confiantes, pois há custo na contratação. Por esse lado, a expansão parece sustentável. No início do Real, houve um pico de crescimento isolado, hoje o que se observa é equivalente a uma rampa contínua de crescimento. Quanto ao crédito, o avanço pode ser menor, mas deve continuar.
Essa confiança tomou conta da família de Denise Uchôa, advogada e supervisora de pessoal. Há seis meses, ela comprou o primeiro carro: um Siena 2004, à vista. Para completar o valor do veículo, recorreu ao crédito consignado. Ela espera agora receber os 10% de aumento dados no mês passado. A fábrica de lustres do marido também vai ganhando mercado, o que lhe permite investir em cursos para ela e o filho Thiago, de 10 anos:
- Fiz cursos para a prova da OAB, e meu filho está matriculado no inglês. Estou confiante de que as coisas vão continuar melhorando. A folga na renda está me permitindo estudar mais.
Outro instituto de pesquisa, o LatinPanel, ligado ao Ibope, também viu crescer a fatia da classe C, a faixa intermediária da sua classificação (considera o consumo de famílias que ganham de quatro a dez saláriosmínimos). Na média de 2005, esses domicílios representavam 33% do consumo total no país. Em abril deste ano, a faixa subiu para 38%.
- É uma classe que sofreu muito com o congelamento da tabela do Imposto de Renda e a alta das tarifas públicas. Por isso, vinha enxugando seu orçamento. É uma população ávida por consumir. - explicou Fátima Merlin, gerente de Atendimento ao Varejo do LatinPanel.
Nas pesquisas domiciliares, o LatinPanel constatou ainda um gasto maior com marcas líderes, supérfluos, comidas prontas e produtos mais sofisticados de higiene e limpeza. Enquanto a despesa média da população aumentou 3%, na classe média a alta foi de 5%:
- Mas é consumo muito amparado no crédito. É a fatia mais endividada. Os gastos médios das famílias ultrapassam em 3% a renda. Na classe C, essa margem sobe para 8% - alerta Fátima.
Entre Ricos E Pobres: Cerca de 65 milhões de brasileiros fazem turismo
Mais viagens, previdência privada e carros nos gastos da classe média
Na produção de automóveis, recorde deve ser batido no próximo ano
Com o crescimento da classe média, os setores que vendem produtos dirigidos para essa faixa de renda comemoram expansão recorde este ano. Viagens, planos individuais de previdência privada, carros e casa própria estão em alta no mercado. Segundo o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes, mudou o perfil do turista brasileiro. Além de mais pessoas estarem viajando, o ônibus de linha e a casa de parentes têm dado espaço para o carro e para os hotéis e pousadas.
- Quase 40% da população urbana brasileira estão viajando. Em 2002, eram 36%. São 65 milhões de brasileiros fazendo turismo. As viagens internacionais dobraram no período. Além do dólar mais favorável, o aumento da renda provocou esse avanço - disse Lopes.
Na venda de planos de previdência privada, a velocidade da alta está em 40% ao ano. 'De janeiro a abril, aumentou em 23,18% a receita com esses planos, que deve fechar 2006 com crescimento superior a 30%, na projeção do presidente da Associação Nacional de Previdência Privada (Anapp), Osvaldo Nascimento. Reformas na Previdência Social, aumento da longevidade e renda maior do trabalhador explicam a procura pelos planos de previdência, diz o executivo:
- Precisa haver sobra no orçamento para esse produto ganhar espaço. E esse avanço deve continuar. Está se criando no país a disciplina de poupar - disse ele.
'Os brasileiros começam a ter cultura financeira'
Quem mais procura o produto ganha em média R$ 3.500, tem entre 34 e 55 anos, e as mulheres respondem por quase a metade dos planos. Na casa do publicitário André Rangel Galhardo, cada membro da família tem seu plano de previdência. O filho menor, de J ano, ganhou o seu recentemente, com direito a seguro de vida em caso de morte dos pais.
- Os brasileiros começam a ter cultura financeira, a planejar seu orçamento e futuro.
As estatísticas de licenciamento de carros são outros indicadores de que as finanças estão melhorando para a classe média. A alta até junho chegou a 7,6%, uma expansão que se mantém desde 2003. Segundo estimativas da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) , em 2007 o Brasil deve bater o recorde histórico de 1997, quando a produção atingiu 1,9 milhão de unidades. E mais da metade da produção é de carro mil, a outra metade, até 2.000 cilindradas, opções da classe média.
Somente 0,6% é de carros de luxo. Por trás do avanço, inflação controlada e novamente o aumento da renda e as facilidades de crédito. Por fim, a casa própria, o grande sonho da classe média. Os financiamentos habitacionais explodiram. Desde 2003 vêm crescendo, mas ganharam mais espaço este ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Natalino Gazonato, o valor dos financiamentos em torno de R$ 80 mil indica que a classe média baixa e a média começam a concretizar o desejo de um teto.
- Até as construtoras começaram a deixar de lançar grandes condomínios, com apartamentos no valor de R$ 500 mil e R$ 600 mil. Estão vendo que é um grande filão.
Mudança na legislação, protegendo mais o financiador, e pressão do Banco Central para que os bancos usem mais os recursos da poupança na habitação ajudaram no avanço.
Mas a socióloga Elisabete Dória Bilac, do núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp, teme que esse avanço da classe média, medido no consumo, seja transitório:
- O país ficou estagnado por décadas. Agora, com o crescimento observado recentemente, houve todo este avanço. Vamos ter que esperar para ver se o que foi feito vai permanecer.
Fonte: Caderno de Economia do Jornal O Globo, páginas: 33 (CAPA) e 34. Domingo, nove de julho de 2006.
Da Agência Estado:
"Inflação baixa e crescimento do emprego e da renda aumentaram o otimismo dos brasileiros com o desempenho da economia em junho, revela a pesquisa Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgada na tarde desta sexta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice, que em junho de 2005 foi de 100,2 pontos, registrou 104,8 pontos no mês passado.
Na avaliação do economista Marcelo Azevedo, da Unidade de Política Econômica da CNI, "o consumidor está animado, e isso ajuda a impulsionar o crescimento da economia." Segundo ele, o aumento do otimismo - de 4,6 pontos, ou 4,8% - foi estimulado pela percepção positiva da população sobre o comportamento da inflação, da renda e do emprego. Essa percepção, segundo Azevedo, incentiva o consumidor a ir às compras. O índice de 104,8 pontos registrados no mês passado é o maior valor desde agosto de 1996".
http://noblat1.estadao.com.br/noblat/index.html
Datafolha: No governo Lula, 6 milhões de pessoas deixaram classes D/E
O governo Lula produziu uma melhora considerável na classificação econômica dos eleitores a partir de 2003, revela pesquisa Datafolha. Cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E. A maioria migrou para a C. Praticamente a metade dos 125,9 milhões de eleitores (49%) considera hoje que sua situação econômica vai melhorar.
Ao mesmo tempo, houve um aumento no consumo, sobretudo de alimentos --37% dos eleitores passaram a consumir mais desde 2003. A melhora na renda se dá por uma combinação de cenário econômico positivo e forte aumento do gasto público dirigido aos mais pobres. Na contramão, há queda nos investimentos em infra-estrutura e dúvidas sobre a sustentabilidade da atual política "pró-pobres".
Além disso, os maiores aumentos na renda estão, na verdade, concentrados entre os que têm aplicações financeiras. Mas, em termos gerais, nunca foi tão baixo, desde 1994, o percentual de brasileiros que reclama da insuficiência do seu poder aquisitivo. Hoje, 28% acham "muito pouco" o que a família ganha. Eles somavam 45% antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O Datafolha ouviu 2.828 eleitores no país entre 28 e 29 de junho, quando pesquisou a intenção de voto à Presidência.
No levantamento, Lula (PT) aparece com 46% e Geraldo Alckmin (PSDB), com 29%. A melhora no consumo e nas expectativas dos eleitores mais pobres explica em grande medida o favoritismo do petista, que hoje venceria no 1º turno. A pesquisa também questionou hábitos de consumo, percepção da situação econômica, nível de renda, posse de bens e condições de moradia. Foi considerado ainda o grau de escolaridade do chefe da família.
O cruzamento dos dados permite agrupar os entrevistados em três classes: A/B (48% têm renda familiar mensal superior a cinco salários mínimos), C (68% têm renda de até três mínimos) e D/E (86% têm renda de até dois mínimos). Um dos principais resultados do levantamento é que o total de eleitores na classe D/E diminuiu de 46% para 38% entre outubro de 2002 e agora. A classe C inchou, passando de 32% para 40%. Já a classe A apenas variou de 20% para 22% --dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais para mais ou menos. São justamente as classes D/ E e C que concentram as maiores taxas de intenção de voto em Lula: 54% e 44%, respectivamente; contra 34% na A/B.
A pesquisa também questionou os eleitores sobre a participação em programas sociais do governo, como o Bolsa-Família. Os maiores aumentos de consumo (de alimentos, CDs piratas ou perfume, por exemplo) foram detectados entre membros da classe C que participam ou que têm alguém da família incluído nos programas. Entre esses eleitores, 52% consumiram mais alimentos nos últimos três anos, contra 37% na média geral. Os menores percentuais de aumento de consumo foram detectados na classe D/E.
Mesmo assim, é aí que está concentrada a maior força eleitoral de Lula e, segundo algumas análises, a maior taxa de aumento da renda nos últimos anos. Dentre os D/E que participam de algum programa social, Lula chega a ter 65% da preferência dos eleitores, contra 27% de Alckmin. Os D/E e C também são os mais otimistas em relação ao futuro.
fonte: Folha de São Paulo, 9 de julho de 2006.
O ponteiro da desigualdade social move-se pela primeira vez

- por Emir Sader, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj
DUAS PESQUISAS IMPORTANTES
As manchetes da Folha de São Paulo e do Globo deste domingo falam sobre a transferência de 6 ou 7 milhões de brasileiros para a classe média. O governo Lula produziu uma melhora considerável na classificação econômica dos eleitores a partir de 2003, diz pesquisa Datafolha, publicada pela Folha. Segundo esse levantamento, cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E, sendo que a maioria deles migrou para a C. A manchete do Globo afirma:
“Sete milhões de pessoas sobem para classe média”.
Segundo a matéria, mais de dois milhões de famílias brasileiras conseguiram ascender na pirâmide do consumo este ano e chegaram a classe média, o que representa cerca de sete milhões de pessoas.
As duas pesquisas oferecem três questões importantes para debate:
a) Para a direita: como propor “desenvolvimento, emprego e renda”, melhor do que isso? Pela primeira vez se altera o ponteiro da desigualdade social no Brasil;
b) Para os críticos de esquerda: como são possíveis políticas sociais de efeito tão significativo, sem mudar a política econômica?
c) Para o governo: esgotou-se a forma de melhoria social, sem mudar significativamente a política de emprego (que, na situação atual, gera mais emprego formal, mas de muito baixo nível).
fonte: As informações aqui disponíveis fora a matéria do jornal O Globo foram obtidas através de material divulgado pela equipe do Izquierda Unida (www.brasileiristas.blogspot.com)